Muitos sudaneses estão sendo forçados a deixarem o país em busca de refúgio. Victor Angelo funcionário da ONU, mantém um ótimo blog e do Chade manda algumas fotos, relatando os ataques dos “homens cavalos”; milícia paga pelo governo Sudanês.
A região de Abeche era atendida pelos Médicos sem Fronteiras. Apesar de ser uma Ong muito conhecida, o MSF foi uma das expulsas do Sudão. Entre os trabalhos realizados, talvez os campos de refugiados sejam os locais mais sensíveis onde eles atuavam. Em Kalma, situado ao sul da região de Darfur, o campo de 6 quilômetros quadrados mantém 100 mil pessoas, vivendo em “casas” de madeira, plástico e tudo que pode ser usado com proteção contra as altas temperaturas durante o dia e as baixas temperaturas da noite.
No campo de Kalma, o MSF mantinham uma unidade de saúde básica, uma de saúde para a mulher e um departamento de consultas, onde atendiam diariamente (segunda a segunda) entre 200 e 300 pacientes nos departamento de saúde básica e consulta e mais 200 mulheres na unidade de saúde feminina. A equipe era formada por especialistas expatriados (estrangeiros) e sudaneses, destes apenas os funcionários sudaneses continuam o trabalho, mas segundo Lydia Geirsdottir, ex-coordenadora do campo, “aqueles que ficaram não estão qualificados para atenderem a casos mais graves, além de terem um escasso material, que em breve irá acabar”.
Infográfico da região de Darfur do dia 5 de março, com descrição da faixa da população afetada pela expulsão das ong's. São 4.7 milhões centros populacionais atendidos pelas Ong's As 13 Ong's expulsas: Action Contre la Faim; Solidarité; Save the Children (UK and US) Médicos sem Fronteiras (NL&FR); CARE International; Oxfan; Mercy Corps; International Rescue Committee; Norwegian Refugee Concil; CHF e PADCO. Material distribuido pela ReliefWeb.
A Save the Children é outra que também atuava no Sudão a mais de 20 anos e a 6 trabalhava com refugiados de guerra na região de Darfur e Kordofan Sul, uma região onde no ano de 2008 teve o regresso de mais de 50.000 adultos e crianças, onde se mantinha um trabalho emergencial. Segundo Charles MacCormack, presidente da Ong a retirada “terá graves consequências para os mais de 1 milhão de crianças e famílias que a agência vinha apoiando em Darfur Ocidental, Kordofan do Norte, do Sul e Mar Vermelho Kordofan Estados e comunidades em Abyei e perto de Cartum“.
Entre outros projetos a Save the Children cuidava da distribuição de alimentos (3.583 Toneladas de alimentos em 44 localidades), água e saneamento (448 pontos de água e 177 bombas de água que atendem cerca de 201.500 pessoas) Saúde Primária, agricultura, além da construção e formação de professores.
Outra expulsa foi a CARE, que atuou durante 28 anos no país. Paralisou-se todas as atividades, tendo parte de seu equipamento confiscado pelo governo sudanês, computadores, carros e casas, a CARE atuava com projetos na área da agricultura, água, e saneamento básico, além de educação e saúde, a Norwegian Refugee Councill relata que além de ter o material confiscado pelo governo seus funcionários foram presos e sofreram agressões. A OXFAM, a 26 anos no Sudão, atuava diretamente com 600 mil sudaneses, também deixou o país e espera pelo retorno.
Interessante observar o que se passou com a Save the Children: Save the Children E.U.A. e Save the Children do Reino Unido tiveram suas licenças cassadas, mas a Save the Children Suécia, não. Uma clara expulsão devido ao país da organização. Com o trabalho no norte do Sudão Save the Children Suécia continua suas atividades de proteção infantil e programas educacionais no norte de Darfur, Nilo Azul e Cartum.
A previsão da maioria das Ong's é de um desastre nos centros de refugiados, um número estimado de 4.7 milhões de pessoas serão afetadas, destas espera se uma diáspora de 2.7 milhões, 1.5 milhões necessitam de alguma ajuda médica, 1.1 milhões não possuem o que comer e 1 milhão não tem acesso a água, (dados da OCHA) além disso “doenças como pneumonia, malária e a meningite não terão mais tratamento e possivelmente se tornarão endêmicas” relata Lydia Geirsdottir (MSF).
Por conta disso a UNAMID espera um enorme movimento migratório “Uma das coisas que vamos avaliar é possível os fluxos migratórios”, afirmou Lise Grande, Vice Coordenador da ONU na região, “se espera uma movimentação interna de 36.000 pessoas, outras 16.000 podem migrar para a República Democrática do Congo e outras 50.000 partiriam para os demais países vizinhos principalmente Chad”.
Espera-se uma atuação da União Africana para esta questão, Thabo Mbeki, ex presidente da África do Sul e pessoa muito influente, já foi indicada como presidente da comissão de inquérito. Ele irá buscar um processo de paz para a região e avaliar o mesmo que o TPI já está julgando, os crimes de guerra e contra a humanidade, ocorridos em Darfur.
As últimas notícias que chegam são de que os ataques aos refugiados e as forças da UNAMID estão se proliferando na região. Ontem, 18/03 a ReliefWeb disponibilizou mais um gráfico apontando os locais onde ocorreram os ataques, e onde as forças da UNAMID estão concentradas.
O que sinto é que apesar dos esforços, a União Africana não tem experiência nem estrutura para por fim a uma questão tão ampla como esta, a UNAMID tenta manter palhativamente um sistema de segurança mas não tem com fornecer a segurança a todo um país.
Sem uma resposta forte internacional, infelizmente a resolução do Tribunal Penal Internacional somente sentenciou a morte a populaçnao de Darfur, enquanto aqueles que deveriam estar sendo julgados continuam livres, com tempo para continuar e finalizar o extermínio de milhões de Sudaneses, até quando? Quanto tempo precisamos dar a Omar Hassan Ahmad al-Bashir para ele terminar o que começou?
2 comentários:
É uma pena que ainda haja situações de censura como estas na África :/
nossa essa foto dá arrepios........
Abraços sonia(voltando)
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