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segunda-feira, julho 27, 2009

Debate em Moçambique

E não é que os debates políticos que minha mãe obrigava a assistir me fizeram melhor? Foi nesta semana (21 de julho) que vi um músico o famoso moçambicano, Mc Roger soltar "frases feitas" e se arrepender amargamente pelo que fez.

Em um programa televisivo da STV, Debate da Nação, com o tema juventude, No palco representantes do governo, na plateia, representantes de outros setores, jovens e entre eles MC Roger, um dos principais músicos moçambicanos, embaixador da UNICEF e garoto propaganda de vários produtos comerciais, autor do vídeo Patrão é Patrão.

O debate decorria como de costume, até o momento em que MC Roger pede a palavra, e solta frases que os brasileiros já ouviram de alguns velhos e podres políticos políticos brasileiros "se não gosta do País em que vive mude-se para a argentina" aqui no caso Guiné Bissau.

Continuou com o antigo (para nós) discurso de que os jovens não sabem o que dizem, tem "
complexo de inferioridade", e não parando por ai, assim como nosso bom e velho Malufismo, a obra de uma ponte terá o nome do atual Presidente, correto ou não isso é outra questão, o que aconteceu foi: a defesa do MC. foi de que o atual presidente foi quem assinou o tratado de paz, logo em seguida foi corrigido pelos convidados do palco que o lembraram que o documento de paz leva a assinatura do antigo presidente moçambicano.

E resposta vei como um raio

Uma juventude com complexo de inferioridade? Não foi isos que vi, mas sim uma juventude muito rápida em comprar a música do MC Roger, chama "Patrão é Patrão" que colocou Roger sobre os bons olhos do governo de moçambique, com outro artista: Rapper Azagaia, que com sua música "Poder para o Povo" que foi parar na Procuradoria Geral da República, atualmente sua música não é veiculada na mídia e sua imagem pouco aparece, embora sua música seja conhecida por todos os moçambicanos.


Veja aqui o debate


Vale a pena saber mais sobre o Rapper Azagaia, tem um bom texto sobre ele no Global Voice, é bem provável que os brasileiros iram conhecer melhor este reper em breve, pois se não estiver enganado o Gabriel Pensador virá para moçambique em breve e possivelmente irá gravar uma música com o Azagaia, é esperar para ver!


Letra: O Povo no Poder

Já não caímos na velha história
Saímos p`ra combater a escória
Ladrões
Corruptos
Gritem comigo p´ra essa gente ir embora
Gritem comigo pois o povo já não chora

Isto é Maputo, ninguém sabe bem como
O povo que ontem dormia hoje...perdeu o sono
Tudo por causa desse vosso salário mísero
O povo sai de casa e atira pra o primeiro vidro
Sobe o preço do transporte sobe o,
Preço do pão
Deixam o meu povo sem Norte deixam o,
Povo sem chão
Revolução verde, só vemos na nossa refeição
Agora pedem o que?...Ponderação
Pondera tu, antes de fazeres a merda
De subires o custo de vida
E manteres baixa a nossa renda
Esse governo não se emenda mesmo...NÃo
Vai haver uma tragédia mesmo...SIM
Mesmo...
Que venham com gás lacrimogéneo
A greve tá cheia de oxigénio
Não param o nosso desempenho
Eu vou lutar, não me abstenho

Malhazine-PRESENTE
Magoanine-PRESENTE
Urbanização-PRESENTE
Jardim

Coro: POVO NO PODER (16X)

Senhor presidente, largaste o luxo do teu palácio
Finalmente te apercebeste que a vida aqui não está fácil
E só agora é que reunes esse conselho de ministros
O povo nem dormiu, já tamos há muito reunidos
Barricamos as estradas
Paralisamos esses chapas
Aqui ninguém passa
Até as lojas estão fechadas
Se a policia é violenta
Respondemos com violência (O quê?)
Muda a causa pra mudares a consequência
Mais de metade do meu salário vai pra impostos e transporte
Se o meu filho adoece fica entregue a sua sorte
Enquanto isso, esse teu filho está saudável e forte
Vive na fartura leva uma vida de lord
Viver aqui é um luxo, o custo é elevadíssimo
Trabalhamos como escravos e entregamos tudo no dízimo
Baixa a tarifa do transporte ou sobe o salário mínimo
Xeeeeeeeee...isso é o que deves fazer no mínimo
À não ser que queiras fogo nas bombas de gasolina
Assaltos a padarias, ministérios, imagina
Destruir os vossos bancos comerciais, a vossa mina
Governação irracional parece que contamina
Que tenham aprendido a lição
E não esperem pela próxima
Aviso-vos meus senhores que terão pela próxima

O Norte-PRESENTE
O Centro-PRESENTE
O Sul-PRESENTE
MOÇAMBIQUE

sexta-feira, julho 17, 2009

Mais despedidas...

"Luz acesa, me espera no portão, prá você ver

Que eu tô voltando prá casa"



Nossa coleção de tugas. Agora partem para novas aventuras em outros destinos. Mas ainda iremos nos cruzar!

Boa viagem a todos e tenham certeza que farão muita, muita, muita falta no reino de Moz!

PS: Nos aguardem em Portugaaaaal!!!

quinta-feira, julho 16, 2009

Tropecei em um Pancho Guedes!

As vezes somos cegos, até que alguém vem e nos mostra o que está à nossa frente.

Foi assim quando meu amigo Gringo D.M. me mostrou de relance um catálogo de cartazes moçambicanos. Realmente algo fantástico! Cheguei a ver alguns exemplares no Arquivo Nacional aqui em Maputo, mas devido a falta de tempo não aprofundei mais meus estudos. Podem me cobrar, tenho que escrever algo sobre eles. Mas hoje pretendo começar a escrever sobre a segunda vinda do Gringo para Maputo, depois de exatos um ano, meu amigo retornou e novamente, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo me mostra algo fantástico.

Desta vez ele tira da mala um exemplar de um livro sobre a obra de um arquiteto Português que tem praticamente todas as suas obras em Maputo: Pancho Guedes

Nunca tinha ouvido falar sobre ele. Amigos "uspianos" e "unespianos", vai aí minha dica. É Pancho, Pancho Guedes!

Arquiteto português, (1925), viveu boa parte de sua vida em Moçambique e deixou como presente para Maputo uma vasta produção de murais, casas, prédios e esculturas.

Eu mesmo já havia tirado várias fotos de obras de Pancho, sem saber que todos aqueles projetos arquitetônicos que me chamavam atenção eram do mesmo autor.

No livro do Gringo pude ver um mapa da localização de todas as obras de Pancho aqui em Maputo, ele iria visitar todas elas, e por que não fazer o mesmo?

O que me chamou a atenção neste arquiteto em específico: ninguém fala dele por aqui, apesar de ser um potencial ponto turistico, as casas de Pancho estão como as demais: sem pintura, com buracos de ar condicionado e sem nenhum holofote.

Apesar disso é impossível passar desapercebido por paredes texturizadas, painéis coloridos e suas chaminés, lembro-me de ver uma delas e lembrar das garrafas de Morandi...

Bom a partir de hoje está marcado: passeios rápidos pela cidade a procura de Pancho e suas casa com traços de aviões, barcos e curvas surrealistas! Terei aulas de arquitetura ao ar livre, postarei aqui as imagens e tudo que achar a respeito.

abraços e até a próxima aula!

sexta-feira, julho 03, 2009

Nota do dia: Você mora em moamba?


Esta semana estive em Moamba, uma vila a 20 minutos da fronteira com a África do Sul, antigamente era uma cidade a beira da estrada ligando os dois países, agora com a nova estrada é uma vila escondida.


Visualizar Moamba em um mapa maior

Notícia que achei sobre esta vila: Leões do Kruger Park assustam os maoradores de Moamba.

Nota: Moamba não é do Paraguai, mas pode ser de Moçambique!

terça-feira, junho 30, 2009

Fim de semana Longo!

É como chamam um feriado prolongado por aqui.

Se para os moçambicanos foi uma festa este último 25 de Junho (Dia da Independência), para nós a festa não foi menor. Dia 24, às 10 horas chegaram em Maputo a mãe e o irmão da Táta! Ficar com a família é sempre bom e para comemorar a chegada deles, resolvemos viajar por Moçambique. Segue a nossa rota!





Talvez tenhamos exagerado um pouco, pois eles tinham enfrentado 10 horas de voo do Brasil até aqui. E ao chegarem, iniciamos uma viagem de sete horas, até Tofo, depois mais cinco até Vilanculos.

Tofo: Praia dos Tubarões Baleia, das arraias e golfinhos. Infelizmente não pudemos ir para o mar, pois o clima estava ruim, muito vento, mas ficamos com a vista paradisíaca da praia! Encontramos alguns amigos que lá estavam fazendo o curso de mergulho. Com certeza, belas histórias no blog
Alunagem!


Praia de Tofo

Assim que se vende caju por aqui...

Tubarão Baleia, um dos maiores animais da terra, infelizmente ficou só na foto da parede he he


Partimos no dia seguinte para Vilanculos, cenário paradisíaco. A aldeia é a ligação mais próxima do famoso arquipélago de Bazaruto, as Ilhas Benguerra, Magaruque e Santa Carolina. Excelentes locais para mergulho e Snorkeling.

Chegando lá ficamos em um Guest House indicado pelo nosso amigo R. Um lugar fantástico, tranquilo, bem em frente ao mar, onde fomos muito bem acolhidos. Na mesma noite, já marcamos o passeio do dia seguinte: visitar alguma das ilhas.

O destino foi a Ilha de Benguerra. Infelizmente, a melhor parte da Ilha não pudemos tirar fotos, mas fazendo snorkeling pudemos ver de tudo; cardume de peixes, peixe papagaio, Peixe-leão e muitos outros que não saberia dizer o nome. A segunda vez que entramos no mar, fomos cercados por águas – vivas e acabamos tendo que sair do mar para não termos problemas.


Terra à vista!

Lost!


Detalhes da ilha...

Parede de areia esculpida pelo vento!



O barco que fomos e a água do mar...

Almoçamos na própria ilha, peixe fresquinho. Tudo preparado pelos nossos guias, ali dentro do barco.

A volta, foi com energia renovável: voltamos com a força do vento "levanta a vela e desliga o motor!"

No dia seguinte, estrada por 12 horas! Mas claro, fizemos paradas estratégicas para algumas comprinhas e visitas.


Artesanato e Piri Piri


Coco e Mexirica (tangerina)


Capulanas


Os Embondeiros (Baobás)

Esta é a imagem da estrada ao pôr-do-sol!

"Coisinhas" para se pensar:
1 - Em todos estes lugares praticamente só se fala inglês. São muitos os Sul-africanos nas regiões turísticas de Moçambique.
2 - Preciso viajar mais por Moçambique
3 - Preciso fazer o curso de Mergulho
4 - Preciso de dinheiro para tudo isso!


terça-feira, março 24, 2009

Ilha de Xefina

Maputo é uma cidade litorânea, por isso tenho uma vista para o mar da minha sala. Sim, morram de inveja! Mais a Nordeste da cidade, bem a vista de todos, cerca de 5 quilômetros da Costa do Sol, localiza-se a Ilha de Xefina.

Essa Ilha, já foi palco de prisão de militantes contra colonialismo português, prisão de operários grevistas e em 1833 foi onde o governador português foi morto pelos Nguni, quando conquistaram a fortaleza de Lourenço Marques.

Mas estas histórias parecem ter sido esquecidas e a própria Ilha em revolta quer sumir!

Habitada por cerca de 40 famílias, a ilha de Xefina não tira nenhum proveito turístico de sua proximidade com o Continente. Eu mesmo já enfrentei 3 horas de viagem para a Ilha de Inhaca, mas não tive condições de ir a Xefina. Isso por que não há barcos do governo, apenas barcos particulares para se fazer o transporte, e diga-se de passagem, em péssimas condições.

Xefina quer ir embora, na verdade está sumindo. O mar já invadiu 7 metros da costa, prédios já ruíram e a população que ainda lá vive já tem que preparar para deixá-la. A ilha tem um total de 6,2 km2, isto é, um pequeno bairro de São Paulo.

Reflexos desta mudança do "mar" também podem ser visto na cidade de Maputo. A avenida Beira Mar vive em constante reforma e em alguns pontos as árvores já estão com as raizes completamente a mostra.

Definitivamente Xefina é para poucos. Se puder vir a Maputo não deixe de visitar uma das belas ilhas banhadas pelo Índico e uma das primeiras a desaparecer devido as situações climáticas do Planeta
.

Abaixo é possível ver Maputo, Xefina e Inhaca.




sexta-feira, março 06, 2009

Ataque dos "smiles" amarelos

Nunca fui muito fã dos publicitários e adorei a lei "cidade limpa" em São Paulo, mas claro que adoro a imagem de Nova York com suas ruas e Avenidas cheias de propagandas. O fato é que aqui temos a Mcel e a Vodacom, duas empresas de telecomunicação Moçambicanas que adotam uma linha de publicidade agressiva e (a meu ver) desorientada. As campanhas são tão "fakes" que é fácil ver o contraste entre elas e a realidade de seus consumidores.

É claro que o mercado aqui anda tem muito a se desenvolver, e que as grandes empresas acabam fazendo um trabalho de formação e educação, mas neste caso beira uma falta de vergonha, acho que falta mesmo é bom senso. Cidades pintadas nas cores das empresas de um lado: verde e amarelo Mcel, de outro, azul Vodacom. Logo vivo numa brandeira brasileira!

Quando cheguei logo fui cumprimentado com a frase "estamos juntos" este "jargão" foi utilizado a três anos atrás por uma campanha e a sociedade absorveu como uma forma de comunicação e cumprimento.

Estes dias a Mcel ampliou sua rede, chegando a uma "província" que ainda não tinha o sistema de telefonia celular, aqui a telefonia celular é mais forte que a telefonia fixa. O local é praticamente uma vila, casas pequenas, pouco comércio ruas sem asfalto, e uma escola.

Dá para se ver pelas fotos o que eles fizeram e é sem exagero o que eles fazem por onde passam, tudo se baseia em cobrir a tudo de amarelo e verde, pessoas, casas, pedras... não há projetos, objetivos, mudanças, investimentos, apenas tinta e muita tinta. Está sumindo as cores e o desenho moçambicano, tudo está virando um horrível e gigantesco "smile".
Faixas foram postas com os dizeres"Unidos na Luta pelo Progresso", telefonia celular é o progresso que chega, sem dúvida, mas com ele poderia ter chegado muito mais do que alguns latões de tinta amarela. A vila não tem calçadas, rus asfaltadas, e há muitas casas abandonadas. O posto de saúde não achei, mas sim a Mcel abriu um centro de treinamento profissional na região.

Esta foto é dos putos (crianças) assistindo achegada do presidente que participou da abertura do centro de treinamento, aplaca da Mcel, presa na árvore diz tudo! Aqui foi muito bem usada!
Uma cidade amarela e verde... até as pedras foram pintadas de amarelo e verdeUma loja da Mcel por dentro.
Tenho certeza que ninguém imaginaria que o "smile" iria ser tão usado na áfrica, mas enfim esta aqui, ainda vivo, alegrando a todos com seu sorriso!

quinta-feira, março 05, 2009

FaceBook e África

Ontem alguns Blogs começaram a falar sobre os números do FaceBook e da "explosão" deste sistema com 150 milhões de usuários na web. O jornalista Paul van Veenendaal verificou que em 90 dias o FaceBook teve mais 40 milhões de usuários, cerca de 13 milhões por mês, 44.400 pessoas por dia.

E qual a participação africana nisso tudo?


Li uma vez no blog do
Carlos Horta a respeito do número de pesquisas no Google como índice para identificar, por exemplo, um período de gripe em uma determinada região. Me perguntei se a mesma coisa pode ser aplicada em relação aos números do FaceBook.

Vamos brincar com alguns números: abaixo temos os 7 países que foram citados dentro da lista do FaceBook, são eles: África do Sul, Egito, Marrocos, Tunísia, Nigéria, Kenya e Maurítius (Ilhas Maurícius) - (Desenho do Puto em Maputo! clique para ampliar)

Fazendo uma rápida análise dos gráficos:

Os sete países tem economia estável, baseada no petróleo, turismo ou em indústrias, tendo estes países uma classe média e alta, consumidora e ativa. Exceto Nigéria, todos os outros estão com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) médio, os diferenciando da maioria dos países africanos que estão com IDH baixo. Enfim: são países africanos
que se diferenciam dos demais do continente. Talvez fique faltando Angola, que certamente deveria estar nesta lista, mas que pelo que observei utiliza mais o Orkut, por influência brasileira.

Infelizmente não achei dados de Moçambique no FaceBook, mas o IDH moçambicano é um dos 5 mais baixos do mundo e a população, apesar de 20 Milhões, (maior que a Tunísia) não está localizada em centros urbanos, além do país ter uma economia muito fraca, mais de 50% do PIB é composto de doações internacionais.

Tirando eu, que troquei no Facebook Brazil com Z para Mozambique também com Z os usuários são muito poucos. Na verdade fiz uma busca e achei cerca de 500 pessoas. Mas como será o meio de comunicação destas pessoas? A maioria é das cidades grandes: Maputo, Beira. Porem, para o restante da população: computador, banda larga e um programa internacional é muita coisa.


Aqui o sistema de Internet banda larga é muito caro, eu pago cerca de USD60 por mês e o salário mínimo em Moçambique é de 60 dólares. Logo não é todas as pessoas que tem internet "fulltime" e podem ficar procurando amigos em programas como FaceBook.

Mas não se enganem, apesar dos africanos não estarem no FaceBook, eles estão aqui e segundo a maioria dos relatórios de crise, o continente é um dos melhores locais para se investir nesta época de crise global! Estamos aqui!


Para mais informações entre no twitter, http://twitter.com/putoemmaputo

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

E se eu fosse Negro em Moçambique?

Durante esta semana li em alguns blogs textos com este título, comentando sobre diferenças em Angola de brancos e negros. Já moro em Moçambique a nove meses e sempre falei da hospitalidade moçambicana, mas neste fim de semana de Carnaval, acabei pela primeira vez a sentir na pele o racismo ou a discriminação por causa de minha cor.
Mercado do peixe tem de tudo!

No Sábado fomos ao mercado do peixe, ainda não falei de lá, mas é um de meus lugares favoritos em Maputo. Uma feira de frutos do mar a céu aberto, onde se compra de tudo: peixes, caranguejos, ostras, lulas, lagostas, tudo fresco e muito bom. É preciso escolher nestas barracas o que se quer comer, e seguindo por um corredor na parte de traz, há vários restaurantes que preparam na hora o que foi comprado, enquanto espera-se na sombra pela comida, bebendo e ouvindo um músico local cercado de vendedores tentando "empurrar" um monte de artesanato.

Como freqüento muito este local, uma das garçonetes já me conhece e sempre fica feliz quando chego, pois a conta sempre é alta. Desta vez estava indo para mostrar o "sitio" (lugar) para o MK; um americano
que acaba de chegar. Chegamos e fomos muito bem recebidos, porém uma confusão começou quando a garçonete preparando a mesa para nós, puxou um sombreiro para nos proteger do sol e descobriu um casal de moçambicanos.

Não tivemos tempo de pedir desculpas e a mulher começou a vomitar palavras, xingando a nós de "brancos safados", e a garçonete de "preta". A mulher gritava falando que não aceitava ficar ao sol por causa do dinheiro dos brancos que estava no país dela e mais um monte de palavrões. No meio da confusão resolveu arrancar ela mesma o sombreiro, que grande e desajeitado caiu sobre as mesas, causando mais confusão ainda. Os xingos e berros eram para mim e a garçonete que era moçambicana.

Tentei me desculpar e tentar contornar a situação, mas sem condições quanto mais tentávamos, mais eram os gritos e palavrões. AN que era a garçonete estava quase chorando pedindo descul
pas, quando resolvi ir para o outro lado da feira, para dentro do restaurante e lá falei que queria sim ser atendido por ela, mas não na praça e sim dentro do restaurante.

Parte de traz, uma praça onde todos comem a sombra de uma árvore e sombreiros (guarda-sol)

No final comemos muito bem e fomos muito bem atendidos, mas aquilo ficou na cabeça, éramos os únicos brancos da feira naquela hora. Ficamos fragilizados quando somos segregados por causa da cor. Não sei se os outros que estavam a volta pensavam como ela ou apenas observavam a confusão, me senti realmente acuado afinal éramos os únicos brancos da feira.


Camarão que almoçamos no mercado

Passeando depois pela cidade de Maputo ainda me sentia desconfortável e imaginava:
- Será que as pessoas que me cercam, viram o que aconteceu no mercado do peixe? Será que estão olhando e falando "lá vai aquele branco do mercado do peixe?".

Percebi que não importa o que eu pense ou minhas ações, sou branco e esta informação chega antes de qualquer outra, e ser classificado como "branco safado", é como carregar um aplaca com isso escrito no pescoço. Nossa garçonete A. veio pedir mil desculpas e falou que eles estavam muito bêbados e que ela gostava muito de nós, pois sempre a tratamos muito bem, mas acho que vou dar um tempo no mercado.

E para ajudar no dia seguinte, depois do carnaval no CFM (Caminhos de Ferro de Moçambique), o qual ainda vou escrever, fomos a piscina e novamente presenciamos uma briga, agora de moçambicanas, com direito a porrada, garrafada e tudo mais. Ao serem postas para fora da piscina pelos guardas, uma das moçambicanas gritava:
- Adeus brancos! Não volto neste lugar!
E eu só estava lá por causa da piscina e do sol, não tinha nada a ver com aquilo...

E se eu fosse negro em Moçambique? Será que as coisas seriam diferentes?

Claro que a bebedeira de carnaval é responsável por boa parte desta "euforia", mas isso me fez pensar mais a respeito. Quando vou comprar legumes ou frutas nas barracas, por ser branco sempre pago mais caro, o taxista sempre tenta cobrar a mais e mesmo os pedintes sempre vão pedir aos brancos que andam pelas ruas. É claro que os brancos estão aqui a trabalho e ganham bem, mas há negros que ganham tão bem quanto, e isso não é motivo para esta separação social. Claro que é muito diferente da África do Sul onde há um aparente ódio entre brancos e negros, mas ainda falta muito para se vivermos uma situação igual a do Brasil.

E antes que comecem a discutir se Brasil é racista ou não, acho que há muitas diferenças:

1 - No Brasil se discute esta questão nas escolas, mídia, etc.
2 - Aqui não há mistura, é difícil ver casais brancos e negros juntos
3 - A imagem do colonizador branco é ainda muito forte
4 - Talvez se eu fosse negro não sentisse tanto esta diferença.

Como seria se eu fosse negro no brasil? Será que eu pensaria desta forma?


quinta-feira, fevereiro 19, 2009

África Global 2

E não é que no mesmo dia em que eu escrevi sobre África Global, o jornal Diário de Moçambique teve esta capa?


Joaquim Chissano é o ex-presidente, ex-Ministro do Negócios Estrangeiros, político influente e grande orador. Por essa capa de notícia, podemos ter uma idéia de como é a linha política e a formação em Moçambique. Detalhe: Sim o designer cortou fora a mão do ex-presidente, acreditam?

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Marcos, um funcionário escolar

Acho interessante contar um pouco das pessoas que nos cercam, talvez a melhor maneira de conhecermos um lugar seja pelas pessoas que lá vivem.

Marcos, é o senhor que trabalha na escola A Luta Continua, que fica em frente ao meu trabalho, a um quarteirão de onde moro. Ele é uma espécie de segurança, caseiro e coordenador de corredor da escola, sabe aquela pessoa que fica chamando os alunos,
separando brigas, abrindo e fechando o portão?

Sorridente, Marcos é menor do que eu, deve pesar uns 48kg sempre está com uma vassoura na mão ou uma outra coisa para varrer as folhas que caem das árvores. Sempre vou cumprimentá-lo, para ele é uma honra, percebo isso, pois sempre que atravesso a rua para cumprimentá-lo sua magra figura sempre se infla de forma feliz.

Me cumprimenta sempre em shangana (dixili - bom dia) e depois em português, como eu me esforço para responder em shangana, ele fica todo feliz e já despeja um monte de palavra que não faço a menor idéia do que significa.
Um sábado ele nos convidou para visitar sua escola, foi muito bom passear em uma escola pública Moçambique.

A escola primária é um edifício de dois andares, muito ampla, cercada por um grande espaço de terra batida e um campo de futebol, as paredes são muito gastas e velhas, a pintura já descasca e se vê os tijolos, a terra seca e vermelha teima em entrar nas salas, assim como um passarinho que nos acompanhava, entrando e saindo das salas.

As mesas
dos alunos são duplas, mais compridas e as crianças se sentam duas em duas, o "quadro negro" é apenas uma parede pintada de preto. Muito feliz ele vai abrindo sala por sala, mostrando onde ele trabalha, fala com orgulho que cuida de tudo, e mantém tudo muito limpinho.

Acabei perguntando algumas coisas e descobri outras, Marcos não é de Maputo, vive aqui para o trabalho, que é cuidar da escola, por isso ele recebe uma ajuda, não sei quanto, mas com certeza é muito pouco, mora na parte de traz da escola, sempre está com a mesma roupa preta, de luto pela morte da mulher. Aqui eles ficam de luto durante muito tempo, eu o conheço a 8 meses, a pelo menos 8 meses ele está de luto. Em um canto da escola ele faz sua machamba, um área de terra onde ele planta e colhe o que dá, certo dia eu paguei para ele um sanduíche do “saquina”, um carrinho de cachorro quente em frente a escola, que vende carne de vaca “morta com os preceitos muçulmanos”, ovo frito, maionese quente, alface e muito tomate souce (ketchup).
Vista da cidade de Maputo com a escola "A Luta Continua"

Muito feliz ele agradeceu: "Patrão é primeira vez que não estou sentir fome, não dói, assim vou ficar forte!"


Agora as chuvas voltaram para Maputo, é a época de chuvas, verdadeiras tempestades, o bom é que a machamba está completamente verde, Marcos deve estar comendo melhor.


Agora ele usa uma camisa velha amarela por baixo da camisa preta, acho que o luto acabou, mas ele não tem outra roupa.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Moçambique na Record

Para quem não viu, vale a pena ver, uma matéria sobre Moçambique, história, parques nacionais e atuais desafios. Outra notícia interessante é a vinda de mais um jornalista para ser correspondente aqui na África, até agora Record, Tv. Brasil e em breve a Globo. Pelo visto a política do Lula de aproximação e a proximidade com a Copa do Mundo, que por sinal pretendo ver ao vivo, estão promovendo o "descobrimento" da África pelos brasileiros. Esperemos bons resultados.

Outra novidade é a nova série de capulanas que foram lançadas por praticamente toda a África, está na moda agora vestir Obama, dá uma olhada nesta capulana, e para quem quiser uma me escreva, posso tentar enviar uma pelo correio, vale a pena ter uma destas!

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Boer x Zuluz

Continuando o passeio dentro do Voortrekkers, talvez esta parte da história seja mais sobre o povo Zulu...
9 - Retief Informa as negociações com Dinganê


Este painel retrata o cotidiano do grupo Voortrekker já com o estado Boer formado: mulheres costurando, homens preparando o couro, a caça e interessante observar a presença de um negro trabalhando com eles (esquerda acima). Ao centro Um cavaleiro trazendo a boa noticia que Diganê (Rei Zulu) aceita se encotrar para negociar, terras em troca de gado. O grupo, Tlokwa de Sekonyela havia roubado o gado dos Zulus.

10 - Debora Retief Pinta o nome de seu pai em uma rocha


Outro local de encontro dos Voortrekkers é a rocha com o nome P. Pretief 12 de Novembro de 1837, aqui temos novamente o cotidiano pacato dos Voortrekkers, crianças brincando de boneca e de carro de boi, brinquedo feito com ossos de boi.

11 - Viagem para o Natal


Os Voortrekkers iniciam a travessia das montanhas Drakensberg em direção a Natal, uma viagem longa e difícil, cerca de 1.000 carros de bois começaram a travessia. A viagem foi muito dura, a descida das montanhas eram muito íngremes e com pedras, para esta travessia se retiravam as rodas traseiras dos carros e substituíam por troncos, que serviam de "breques" (veja detalhe)


12 - Dia da assinatura do acordo com os Zulus (4 de Fevereiro de 1838)


Lembra-se do painel 9? Então, no meio da viagem para Natal os Voortrekkers passam pelas terras dos Zulus a maior civilização da "África do Sul" para assinar um acordo onde trocariam gado por terras (14 de Fevereiro de 1838).

A esquerda o povo Zulu, todos ajoelhados em respeito a seu líder Dingane,"o Grande Elefante" sentado a mesa de negociação, a seu lado um Zulu fica com as mãos para recolher os "cuspe" é isso mesmo acredita? Segundo o que estudei ele tinha medo de ser enfeitiçado, ˜ão sei se isso era real ou apenas uma maneira de "satirizar o líder" mas em fim... A Direita o grupo dos Voortrekkers e Retief sentado a mesa de negociações.

Detalhes interessantes: Ao fundo se vê as construções típicas africanas, casas de palha circulares; a diferença entre os bancos de Dingane e Retief; a riqueza de detalhes dos dois líderes e o dedo indicando para o local de assinatura e o rei com uma pena assinando no local, será que ele sabia assinar um documento?

13 - O Golpe (6 de Fevereiro de 1838)


Após a assinatura Digane convida para que os Voortrekkers venham a Umgungundlovo para participarem de uma celebração. E no meio da celebração o povo Zulu ataca e mata todos os Voortrekkers.
70 homens e 30 negros que trabalhavam com eles foram mortos a pedras e tacapes em um local chamado até hoje de Vale da Morte, Retief foi o último a ser morto, antes teve que assistir a morte de todos, inclusive de deu filho.
Até então os homens liderados por Retief fizeram acordos e circularam as terras dos Xhosas, e Zulus, pois sabiam das guerras sangrentas por terras que marcavam estes povos, o que eles não esperavam era que os Zulus, muito parecidos com a cultura "espartana" mantinham uma cultura de guerreiros e de expansão territorial, não havendo negociação para isso, o chamado Mfeca­ne - (ver no final deste post!)

Nos detalhes: Ao fundo se vê desenho da "cidade" de Umgungundlovo em formas circulares e o único de pé, a assistir ao massacre é Retief.

14 - Ataque dos Zulus ao Laager em Bloukans (17 de Fevereiro de 1838)

Em 11 dias o exército Zulu, com cerca de 10.000 guerreiros parte de Umgungundlovo e chega a Bloukrans, onde encontra e mata cerca de 500 Voortrekkers que não esperavam pelo ataque. Deste ataque algumas sobreviventes viraram Heroínas e puderam contar suas histórias de terror: Johanna van der Merwe, foi apunhalada 21 vezes e Catharina Prinsloo, 23 vezes.

15 - O Aviso

Novamente a mulher é o foco do painel, Nete Heila e Fea Robertse e outras fogem do ataque e conseguem chegar a outro grupo Vorotreekker, liderado por Piet Uys, avisando do ataque.

16 - O Contra ataque (18 de Abril de 1838)


Piet Uys organiza um contra ataque aos Zulus, e parte fortemente armado "com carabinas", mas são emboscados e derrotados pelos guerreiros Zulus com seus grandes escudos e curtas zagaias, levavam a luta para o "corpo a corpo". O Grupo restante se reorganizou e passou a organizar a retirada dos restantes, saindo das terras Zulus. Nesta altura um novo problema abalava os Voortrekkers, seus lideres haviam caído em batalha e não havia uma pessoa forte para liderar o confronto.

17 - Herói de Guerra

Este pequeno painel, é em homenagem a Marthinus Oosthuizen, que bravamente, socorreu um laager cercado.
O laarge de Van Rensburg estava cercado e sem munição, a beira de ser destruído, quando Marthinus atravessa com seu cavalo os guerreiros Zulus levando polvora e balas para dentro do laarge, salvando da derrota certa.


Mfeca­ne foi o nome deste período onde a expansão Zulu levou a grandes migrações, fugas e consolidações de novos reinos
Alguns mas consequências desta expansão:

Moshoeshoe I do Lesotho conseguiu unificar os clãs da região montanhosa do actual território de KwaZulu-Natal, (ver mapa) construindo fortes nas montanhas e mantendo um complexo processo diplomático que permitiu a manutenção da sua autonomia face aos europeus e aos povos vizinhos, repelindo múltiplas agressões. Este processo levou à formação do atual reino do Lesotho.

Zwangendaba, um dos comandantes do exército Ndwandwe, retirou para norte com Soshangane. Continuando para além do território atual de Moçambique, fundou um Estado nguni na região entre o lago Malawi e o lago Tanganyika.

Sobhuza, um dos líderes Ngwane, por volta de 1820 conduziu o seu povo para as regiões montanhosas de maior altitude como forma de se proteger dos ataques dos Zulu. Após esta migração, os Ngwane passaram a ser conhecidos por Swazi, e Sobhuza fundou o reino Swazi naquilo que é hoje a região central da Suazilândia.

O general zulu Mzilikazi entrou em ruptura com Shaka e fundou o reino Ndebele no território que é hoje o Estado Livre de Orange e partes do Transvaal. Quando os bóeres do Grande Trek entraram naquela região em 1837, derrotas em diversas escaramuças convenceram Mzilikazi a mudar-se para o território a norte do rio Limpopo e a estabelecer um Estado Ndebele na região hoje conhecida por Matabeleland, no sul do atual Zimbabwe.

sites:
http://torredahistoriaiberica.blogspot.com/2008/11/chaka-os-zulus-e-os-beres.html

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Blog de Turismo? Será?

Já era estranho ver "pontos vermelhos" que sabe Deus como chegaram a este blog, quem está no Chile, Japão, Alemanha e o que dirá dos tantos "Tugas" Portugueses que entram no site, fora os brazucas de Goiás, Manaus, e tantos outros estados. Espero contribuir e informar um pouco mais sobre este continente, "gigante por natureza".

Em qualquer noticiário internacional, observem bem, África é sempre uma "mancha" clara de onde não se fala nada; crise energética, tecnologias, dinheiro, economia, mega shows, carros, até mesmo em turismo e locais paradisíacos, nada! Fora a idéia equivocada de que África é um país.


Até mesmo sobre a copa do mundo os brasileiros praticamente esqueceram que a próxima será aqui, na África do Sul, já estamos preparando a de 2014 e pulando a de 2010. 

O continente só aparece rapidamente com notícias de malária, aids, miséria, fome, golpes militares, e no final de ano em algum especial para tocar nossos duros corações.

Como esquecer 22% de nosso planeta, ou como conseguimos ignorar 22%? É como não conhecer toda a América do Sul, Europa e mais alguns países a sua escolha ao mesmo tempo, ou se preferir, peguem 3 vezes e meia o Brasil e tire do mapa mundi. Isso é para termos uma ideia de quanto não conhecemos de nosso planeta, de nosso raça e de nós mesmos.

Ásia - 43.810.582 km²

África - 30.221.532 km² 

América do Norte 24.709.000 km²

América do Sul - 17.850.568 km²

Europa - 10.498.000 km²

Oceania - 9.008.458 km²

Brasil - 8.514.876,599 km²

Recentemente e inesperadamente este blog foi indicado para o melhor blog de turismo (?) no "Best Blog Brasil" e comecei a "martelar a cabeça" para entender o que meus textos tem de turismo.

Como assim turismo? Quem foi o "louco" que acha o Congo um ponto turístico, ou Sudão, ou mesmo Moçambique? Foi então que percebi o quanto errado eu estava.

Basicamente o turista é aquele viajante, que parte de sua casa para um novo local, com o intuito de diversão, conhecimento e prazer. Existe mil tipos de turistas e de turismos. Se segurem nas "cadeiras", mas África é o melhor turismo que alguém pode fazer em sua vida!

Parem para pensar,o continente possui 53 países, é o berço da civilização, e posso encher a boca para dizer "em África, tudo se tem ": hotéis de luxo, praias paradisíacas, maravilhas naturais, animais vivos, livres e reais, povos, culturas, civilizações praticamente tudo que uma pessoa tem de estudo pode ser visto e vivido aqui.

Onde podemos visitar países comunistas, entender a liberdade de expressão, vivenciar uma revolução social, conhecer a base religiosa de um povo, saber as raízes culturais de mais da metade do mundo e o principal, saber e dar valor a sua cultura e ao seu país de origem?


Ai vai meu convite, não é fácil viver ou visitar qualquer um dos países da África, mas é aqui que tudo é real. Para que ir ao Louvre se temos o Egito? Para que irmos para Roma, se aqui temos o berço religioso tribal de inúmeras etnias; China se temos todo o mistério de Marrocos? E posso, com certeza, para cada ponto turístico do mundo dar um de igual "magia" por aqui.

E além destes muitos mais, a experiência de ver um campo de refugiados, a emoção de ajudar, realmente ao próximo, a visão do racismo, e a compreensão de que nosso mundo não é apenas nossa casa, nossa cidade ou nosso país.

Agora vai o convite, “O Best Blogs Brazil é uma forma de reconhecer o trabalho de quem bloga no Brasil, selecionando os melhores em cada área que contribuíram para o crescimento da blogosfera como um todo e que no ano de 2008 forneceu conteúdo de boa qualidade, convidou à reflexão, emitiu opiniões, trouxe novidades, inovou, enfim, fez um bom trabalho neste ano”. Bom é isso espero o voto de todos, clique para votar,o período de votação vai até 14 de janeiro, então avisem a todos os colegas e se estiverem putos, venham para Maputo!

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Último Sábado antes do Natal!

Correria com amigos secretos, filas, trânsito, árvore de natal, presentes, falta de tempo e stress. Nada disso tem aqui!


Nada disso aconteceu este ano, tirando eu ter a experiência de ter que entrar em um "talho", como se chama o açougue em Moçambique, de resto nem "pai natal", papai noel, eu vi por aqui. Quer dizer, ver eu vi na televisão, e era de uma propaganda da Angola e nada gordinho!

Aqui as festas de fim de ano não fazem muito sucesso, acho que por dois motivos:
1 - os moçambicanos na maioria são muçulmanos não comemoram natal, nem aniversário, nem ano novo
2 - os estrangeiros que aqui comemoram pegam o 1˚ avião de volta pra casa
E nesta eu e Thá ficamos aqui com meia dúzia de "gatos pingados" brasileiros, sorte nossa ter um casal de amigos organizando um Natal, se não fosse por eles estaríamos ferrados!

Nosso final de semana foi tranquilo, andamos pela cidade com o "Beatlejuice" um carrinho vermelho caindo aos pedaços que a empresa me empresta, mas não posso reclamar, ele nos leva para todos os lados!

Seguem algumas fotos que fizemos, nós dentro do carro; claro! Não sou louco de tentar ficar tirando fotos e andando pelas ruas; isso é pedir para arranjar problema.


CFM (Caminhos de Ferro de Moçambique), onde durante as noites se torna uma "baladinha" recheada de brancos com suas verdinhas. Nessa estação também foi filmado o Blood Diamond - Diamante de Sangue com Leonardo Dicaprio.
Escultura aos combatentes da Grande Guerra, logo em frente ao CFM.

Mais fotos da vida por aqui: estes são os chapas, o meio de transporte mais comum dos cidadãos Moçambicanos. Eu já andei num destas, mas depois que a Thá chegou parei de andar, ela precisava de mim vivo aqui! ha ha



Algumas imagens dos prédios da Baixa, e claro o comércio nas ruas, onde se compra tudo, e nada tem preço, tem que negociar até a água.

Diálogo entre um estrangeiro e um comerciante de qualquer coisa na rua:

C - Bom día (atenção ao acento)
G - Quanto custa este óculos?
C - 500 Meticais; patrão
G - Tá maluco, não quero! Tá caro, vou embora
C - Ok Ok patrão, me fala teu preço.
G - Pago 50!
C - Ixi, (fala em shangana para me intimidar), leva por 400 (e já coloca o óculos na minha cabeça)
Em seguida, saio andando e aparece mais 2 vendedores de relógios, tomadas, botões...
C - Ok patrão, 300 e fechamos o negócio.
G - Pago 100!
(e ao mesmo tempo, tenho que falar para os outros milhares de vendedores que se procriaram ao meu redor que não estou interessado no produto deles)
C - Tenho 8 filhos, duas mulheres; tô a pedir! O óculos é bom de marca, patrão. (marca paraguaia feita na china)
G - Pago 100 e mostro o dinheiro (agora já são uns 8 vendedores em volta)
Com o olho brilhando ao ver a nota de 100, ele responde:
C - Ok, vou aceitar por o patrão ser brasileiro!

Resultado: é preciso muita paciência!

foto: vendedores a beira mar e uma Mama vendendo caju, com filho na capulana levada as costas.

Ah; nesse fim de semana, conhecemos uma brasileira que veio se encontrar com o namorado que vive aqui em Moçambique. Como sempre, ela chegou, porém, suas malas não. Isso é um aviso a todos que viajam para cá, saibam que vocês veem num voo e suas malas no voo seguinte. Não se desesperem, não achem que roubaram suas malas.

E essa brasileira que me refiro, lia o blog. Portanto recebemos a primeira leitora que aceitou o desafio: "Ta puto, Vai para Maputo!"