sexta-feira, março 27, 2009

Mercado do Peixe

Já havia citado anteriormente sobre o Mercado do Peixe, mas não havia escrito um post a respeito. Estava devendo!

Quem vier para Maputo, tem que passar por esse Mercado. Sem dúvida nenhuma é uma experiência para lá de Africana!

O mercado do peixe está localizado na baixa da cidade, na direção do bairro da Costa do Sol. Trata-se de um centro comercial na verdade. Do lado de fora se vende de tudo; amendoins, relógios Rolex, carteiras, e mais o que você quiser e puder imaginar.

Rua na frente do Mercado, sempre intransitável. A entrada fica na porta à esquerda, exactamente no muro vermelho.

Atrás desse muro encontramos uma feira a céu aberto, especializada em peixes e frutos do mar! Peixes enormes dividem espaço com lagostas, lulas e camarões, de muitos tipos e espécies. Tudo a mostra e ao alcance das mãos, todos pegam e manuseiam. Em mesas de madeira, sem refrigeração ou qualquer outra tecnologia de conservação, os produtos esperam para serem comprados. Ao contrário do que se pense o cheiro é muito bom, sim é cheiro de peixe, mas fresco! Tudo que está à venda saiu do mar a alguns minutos, é comum ver peixes ainda vivos.

Praça central
A compra é sempre seguida de um longo debate pelo preço, realmente uma luta. Lembram-se das imagens da bolsa de valores de São Paulo, antes do pregão ser eletrónico? Um comprador ao meio e um monte de gente gritando e oferecendo produtos a preços diferentes.
É ideal ter uma noção dos preços; caso contrário acaba-se pagando o dobro do valor.
Eu já comi de tudo, os famosos camarões tigres; camarões listrados, parecidos com a pele de um tigre, e muito grandes. Cinco unidades pesam cerca de um kilo; isto é 200 gramas cada. As lulas são vendidas inteiras, para mostrar que estão frescas e as "mamás" apertam até a "tinta" preta da lula sair. Há também os caranguejo que pesam em média 600 gramas. Sempre tentamos comprar as fêmeas, que segundo os moçambicanos a carne é mais saborosa.
Peixes e o vermelhão lá no meio

E claro temos os peixes, eu particularmente gosto muito do vermelhão, um peixe comum por aqui e que é realmente vermelho, vermelho sangue!

Após as compras, vamos para a segunda parte do passeio. Atrás da feira, seguindo um longo corredor de areia, existem inúmeros restaurantes a nossa espera, cada um com suas qualidades. Na entrada todos os garçons ficam na esperança de serem os escolhidos. Ás vezes temos mais de 10 garçons oferecendo lugar e nos chamando! Como vamos com certa frequência lá, já temos uma garçonete particular: é a Anita, uma moçambicana com seus 25 anos, aparentando 35, e que sempre aparece com um grande sorriso e sempre nos recebe muito bem.

caranguejo minha nova paixão
Aquilo que compramos é entregue a Anita que prepara sempre na grelha e bem temperado nosso almoço. Dependendo do dia e da hora, este preparo pode demorar até 3 horas, mas a espera é boa!

À sombra das árvores, sentados em mesas de plástico, acompanhado por 2M (muitas vezes morna), pão de alho, muito amendoim e castanhas, aguardamos nosso espectacular almoço!

terça-feira, março 24, 2009

Ilha de Xefina

Maputo é uma cidade litorânea, por isso tenho uma vista para o mar da minha sala. Sim, morram de inveja! Mais a Nordeste da cidade, bem a vista de todos, cerca de 5 quilômetros da Costa do Sol, localiza-se a Ilha de Xefina.

Essa Ilha, já foi palco de prisão de militantes contra colonialismo português, prisão de operários grevistas e em 1833 foi onde o governador português foi morto pelos Nguni, quando conquistaram a fortaleza de Lourenço Marques.

Mas estas histórias parecem ter sido esquecidas e a própria Ilha em revolta quer sumir!

Habitada por cerca de 40 famílias, a ilha de Xefina não tira nenhum proveito turístico de sua proximidade com o Continente. Eu mesmo já enfrentei 3 horas de viagem para a Ilha de Inhaca, mas não tive condições de ir a Xefina. Isso por que não há barcos do governo, apenas barcos particulares para se fazer o transporte, e diga-se de passagem, em péssimas condições.

Xefina quer ir embora, na verdade está sumindo. O mar já invadiu 7 metros da costa, prédios já ruíram e a população que ainda lá vive já tem que preparar para deixá-la. A ilha tem um total de 6,2 km2, isto é, um pequeno bairro de São Paulo.

Reflexos desta mudança do "mar" também podem ser visto na cidade de Maputo. A avenida Beira Mar vive em constante reforma e em alguns pontos as árvores já estão com as raizes completamente a mostra.

Definitivamente Xefina é para poucos. Se puder vir a Maputo não deixe de visitar uma das belas ilhas banhadas pelo Índico e uma das primeiras a desaparecer devido as situações climáticas do Planeta
.

Abaixo é possível ver Maputo, Xefina e Inhaca.




sexta-feira, março 20, 2009

Quanto tempo precisa Omar Hassan para terminar o que começou?

No dia 4 de Março, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu ordem de prisão contra o presidente do Sudão, Omar Hassan Ahmad al-Bashir, em represália no dia 5, 13 ONG's foram expulsas do país, chegando a 16 após uma semana. Como conseqüência inúmeros projetos foram paralisados: o abastecimento de água potável, distribuição de alimentos e tratamento médico e o sistema de estudo entre outros.

Muitos sudaneses estão sendo forçados a deixarem o país em busca de refúgio. Victor Angelo funcionário da ONU, mantém um ótimo blog e do Chade manda algumas fotos, relatando os ataques dos “homens cavalos”; milícia paga pelo governo Sudanês.

A região de Abeche era atendida pelos Médicos sem Fronteiras. Apesar de ser uma Ong muito conhecida, o MSF foi uma das expulsas do Sudão. Entre os trabalhos realizados, talvez os campos de refugiados sejam os locais mais sensíveis onde eles atuavam. Em Kalma, situado ao sul da região de Darfur, o campo de 6 quilômetros quadrados mantém 100 mil pessoas, vivendo em “casas” de madeira, plástico e tudo que pode ser usado com proteção contra as altas temperaturas durante o dia e as baixas temperaturas da noite.

No campo de Kalma, o MSF mantinham uma unidade de saúde básica, uma de saúde para a mulher e um departamento de consultas, onde atendiam diariamente (segunda a segunda) entre 200 e 300 pacientes nos departamento de saúde básica e consulta e mais 200 mulheres na unidade de saúde feminina. A equipe era formada por especialistas expatriados (estrangeiros) e sudaneses, destes apenas os funcionários sudaneses continuam o trabalho, mas segundo Lydia Geirsdottir, ex-coordenadora do campo, “aqueles que ficaram não estão qualificados para atenderem a casos mais graves, além de terem um escasso material, que em breve irá acabar”.

Infográfico da região de Darfur do dia 5 de março, com descrição da faixa da população afetada pela expulsão das ong's. São 4.7 milhões centros populacionais atendidos pelas Ong's As 13 Ong's expulsas: Action Contre la Faim; Solidarité; Save the Children (UK and US) Médicos sem Fronteiras (NL&FR); CARE International; Oxfan; Mercy Corps; International Rescue Committee; Norwegian Refugee Concil; CHF e PADCO. Material distribuido pela ReliefWeb.

A Save the Children é outra que também atuava no Sudão a mais de 20 anos e a 6 trabalhava com refugiados de guerra na região de Darfur e Kordofan Sul, uma região onde no ano de 2008 teve o regresso de mais de 50.000 adultos e crianças, onde se mantinha um trabalho emergencial. Segundo Charles MacCormack, presidente da Ong a retirada “terá graves consequências para os mais de 1 milhão de crianças e famílias que a agência vinha apoiando em Darfur Ocidental, Kordofan do Norte, do Sul e Mar Vermelho Kordofan Estados e comunidades em Abyei e perto de Cartum“.

Entre outros projetos a Save the Children cuidava da distribuição de alimentos (3.583 Toneladas de alimentos em 44 localidades), água e saneamento (448 pontos de água e 177 bombas de água que atendem cerca de 201.500 pessoas) Saúde Primária, agricultura, além da construção e formação de professores.

Outra expulsa foi a
CARE, que atuou durante 28 anos no país. Paralisou-se todas as atividades, tendo parte de seu equipamento confiscado pelo governo sudanês, computadores, carros e casas, a CARE atuava com projetos na área da agricultura, água, e saneamento básico, além de educação e saúde, a Norwegian Refugee Councill relata que além de ter o material confiscado pelo governo seus funcionários foram presos e sofreram agressões. A OXFAM, a 26 anos no Sudão, atuava diretamente com 600 mil sudaneses, também deixou o país e espera pelo retorno.

Interessante observar o que se passou com a Save the Children: Save the Children E.U.A. e Save the Children do Reino Unido tiveram suas licenças cassadas, mas a Save the Children Suécia, não. Uma clara expulsão devido ao país da organização. Com o trabalho no norte do Sudão Save the Children Suécia continua suas atividades de proteção infantil e programas educacionais no norte de Darfur, Nilo Azul e Cartum.

A previsão da maioria das Ong's é de um desastre nos centros de refugiados, um número estimado de 4.7 milhões de pessoas serão afetadas, destas espera se uma diáspora de 2.7 milhões, 1.5 milhões necessitam de alguma ajuda médica, 1.1 milhões não possuem o que comer e 1 milhão não tem acesso a água, (dados da OCHA) além disso “doenças como pneumonia, malária e a meningite não terão mais tratamento e possivelmente se tornarão endêmicas” relata Lydia Geirsdottir (MSF).

Por conta disso a UNAMID espera um enorme movimento migratório “Uma das coisas que vamos avaliar é possível os fluxos migratórios”, afirmou Lise Grande, Vice Coordenador da ONU na região, “se espera uma movimentação interna de 36.000 pessoas, outras 16.000 podem migrar para a República Democrática do Congo e outras 50.000 partiriam para os demais países vizinhos principalmente Chad”.

Espera-se uma atuação da União Africana para esta questão, Thabo Mbeki, ex presidente da África do Sul e pessoa muito influente, já foi indicada como presidente da comissão de inquérito. Ele irá buscar um processo de paz para a região e avaliar o mesmo que o TPI já está julgando, os crimes de guerra e contra a humanidade, ocorridos em Darfur.

As últimas notícias que chegam são de que os ataques aos refugiados e as forças da UNAMID estão se proliferando na região. Ontem, 18/03 a ReliefWeb disponibilizou mais um gráfico apontando os locais onde ocorreram os ataques, e onde as forças da UNAMID estão concentradas.

O que sinto é que apesar dos esforços, a União Africana não tem experiência nem estrutura para por fim a uma questão tão ampla como esta, a UNAMID tenta manter palhativamente um sistema de segurança mas não tem com fornecer a segurança a todo um país.

Sem uma resposta forte internacional, infelizmente a resolução do Tribunal Penal Internacional somente sentenciou a morte a populaçnao de Darfur, enquanto aqueles que deveriam estar sendo julgados continuam livres, com tempo para continuar e finalizar o extermínio de milhões de Sudaneses, até quando? Quanto tempo precisamos dar a Omar Hassan Ahmad al-Bashir para ele terminar o que começou?

quinta-feira, março 19, 2009

Aos seus 20 anos

Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim


Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar


Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.
Carlos Drummond de Andrade

Feliz aniversário irmão querido.
Beijos com saudade,
Táta e Gab´s

terça-feira, março 17, 2009

Praia de Bilene

Final de semana em Bilene. Excelente companhia, boas risadas, churrasco e caipirinha.
fotos by A. V.

segunda-feira, março 16, 2009

TRÊS em Moçambique: Adriana, Moreno e Domenico

Moreno Veloso | Adriana Calcanhotto | Domenico Lancellotti

No repertório canções de cada um deles, como “Justo agora” (Adriana), “Hoje” (Moreno), “Borboleta” (de Domenico, gravada por Adriana Partimpim), algumas parcerias e alguns autores como Paulinho da Viola, Madonna, Marina Lima, Antonio Cicero, Rodrigo Amarante e Wladimir Maiakowski.


Depois do Rio de Janeiro, no Circo Voador em 2006 e Santiago de Compostela em 2007, os dois violões, dois violoncelos, duas mpcs, três pandeiros e algumas maçãs chegam em Moçambique no teatro do Centro Cultural Universitário de Maputo, no dia 27 de março.

É só aguardar!

sexta-feira, março 13, 2009

Campanha HIV/SIDA

Talvez o tema onde se gaste mais dinheiro por aqui seja HIV/SIDA. Ao contrário do Brasil, aqui a diferença entre ter o vírus e estar com a doença é algo muito difundido, logo o termo SIDA é mais comum que HIV.

Muitas são as campanhas que aparecem por aqui, cada qual patrocinada por uma instituição ou país. Uma questão bem interessante é as patrocinadas pela USAID, onde não se pode fazer referência ao uso de camisinha.

Outra campanha muito boa foi produzida pela Steps for the future aproximando os jovens da camisinha com algo normal, sem o peso da doença.



A preocupação em Moçambique com a SIDA e o HIV é devido ao altos índices que o País apresenta 16%. Apenas para se ter uma idéia, no Brasil o índice é de 0.6%.

Índices de HIV/SIDA no continente africano.

Preciso escrever mais a respeito, as campanhas para HIV/Sida, e a relação de "múltiplos parceiros concorrentes".