sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Dias agitados em Maputo!

Este fim de semana promete ter dias agitados. Começou ontem a noite, logo após a aula de inglês, quando fui para o CCFM (Centro Cultural Franco Moçambicano), e assisti "Vidas Para Sempre, histórias de vida no Ruanda". Foi uma das melhores peças de teatro que assisti! Três atores moçambicanos interpretando em português um texto criado por outro grupo, vindo do Senegal e França.

A peça trata da vida em Ruanda: A luta dos Tuts e Hutus e todo aquela história sanguenta que está viva até os dias de hoje, uma vergonha que todos somos culpados por não pormos um fim! Mas depois escrevo mais sobre isso, depois passamos na Rua d´Arte e ouvimos um pouco de Jazz para descontrair.


A boa noticia é que muitos "Putos" estão vindo para Maputo!

Esta semana L. e a namorada C. voltaram para cá, junto com o Gringo 2 (o novo americano que vive em casa) estamos em 5! Full House! Coitada da B. nossa empregada!


Dia 1 chega o Candongueiro um brazuca que trabalhou em Angola e está começando uma viagem pela África oriental, e vai começar por aqui!

"
Tudo começa amanhã, quando deixo Angola – onde vivi ao longo do último ano — rumo a Joanesburgo. Depois tem Moçambique, Zimbábue, Zâmbia, Tanzânia, Ruanda, Congo Democrático, Uganda, Quênia, Etiópia, Sudão e Egito (para ver o mapa detalhado da viagem, com todas as dicas desses amigos, clique aqui).
"

Ai vai o blog, onde ele irá postar toda a história e nós iremos acompanhar daqui a jornada!
http://candongueiro.wordpress.com/ Segue a rota! Antes de voltar para o Brasil com certeza vou usar este mapa!


Ver mapa maior

Há ainda mais dois casais se mudando para cá, um do Brasil e outro da África do Sul, e tem ainda outro de Angola que está planejando vir para cá de moto! Putos unidos em Maputo!

E para fechar o dia hoje temos uma greve de chapas (transporte coletivo), espero que não seja feito a última onde as ruas acabaram virando um campo de guerra! Ops este detalhe não havia ainda contado para minha família...

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Africanos em Washington DC

A Zanta Media (sede em Washington, DC ) lança a série Habesha Life que trata sobre a vida cotidiana dos africanos na cidade de Washington DC (EUA), não consegui descobrir de quais países são os atores, mas acho que todos são de países anglófonos.

Os capítulos terão de 8 a 16 minutos, produzidos para web em PB, serão lançados no site VIMEO, similar ao YouTube, mas com alta qualidade. A festa de lançamento foi dia 12 de fevereiro, na net já se encontram os capítulos 1 e 2.

Aqui vai o primeiro Capítulo que acabo de assistir, vale a pena esperar o download, estou curioso para assistir aos próximos capítulos.


Outra série que está para ser lançar aqui em Maputo é N'TXUVA, Vidas em Jogo , filmada por um grupo de brasileiros que vieram para cá e fizeram uma super produção, L.B. Nosso Roomater foi uma espécie de guia em terras moçambicanas para a equipe além de atuar com "dentista" na série. Se eu conseguir, quando lançar eu posto os capítulos para vcs verem!

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Karaoke no Gil Vicente

Ontem foi a despedida do Estrela, o brasileiro que me trouxe para Moçambique, depois de 4 anos por aqui ele decidiu voltar de vez para o Brasil.

Ontem tivemos o último copo, é assim que se fala por aqui uma breja. Para comemorar, eu, Thá, e mais algumas amigas Tugas resolvemos esticar e acabamos no Gil Vicente, um Bar com música ao vivo com uma programação diária. Ontem era karaoke, por aqui se fala karaó-ke.
Programação da semana, fomos ontem terça-feira

Tem uma banda ao vivo, guitarra, baixo, bateria, teclado e um cabeludo com uns chocalhos, quem quiser pede uma música sobe no palco e vai cantar, e acreditem todo mundo vai! Ainda não foi desta vez que soltei minha voz, mas "hei de soltar".

Enfim ficamos bebendo uma "pressão" e ouvindo um "play list" que vai de Roberto Carlos, passando por Blur e acabando nas Marrabentas (Músicas Moçambicanas). Faltou nosso amigo Chateaubriand, o rei das noitadas!

A casa fica ao lado de um cinema; o "Cine Gil Vicente" um cinema da baixa da cidade. O Xenon é a sala que costumo frenqüentar, na parte alta de Maputo. Com isso temos os dois cinemas e ainda um terceiro, mas que só passa filmes indianos.

Achei este vídeo no YouTube para dar uma idéia de como e por lá, na próxima faço um filme eu mesmo
.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Filmes do Oscar em Moçambique

A parte triste de estar em Moçambique é que só depois se sabe que o Oscar já foi, não tem como entrar no clima de um Oscar por aqui, é uma festa tão distante de nossa realidade que perde-se todo o sentido da comemoração e olha que eu sou apaixonado por cinema e Oscars, herança de minha mãe, sempre assisti aos Oscars e aos filmes.

Mas não é que tem um lado bom de estar aqui! Acabo de descobrir que a tv moçambicana vai passar todos os filmes do Oscar! Com esta ninguém esperava. Mas é! Aqui temos a TVM, SOICO e a TIM, as emissoras daqui não tem dó, investem pesado em filmes!

Para se ter uma idéia esta semana vou assistir ao ganhador do Oscar Quem Quer Ser Um Milionário? além de já ter assistido no sábado de manhã Wall-E (este por sinal assisti umas 3 vezes). O Curioso Caso de Benjamin Button também está na lista, acho que só não vai passar os documentários e o Japonês que ganhou de melhor filme em língua estrangeira.

O único problema é que ás vezes as filmagens não são boas, porque os filmes são de "barraquinha" ou melhor dizendo cópias piratas disponibilizadas pela na net! Já pararam para pensar que o cinema e a moda chegam a todos os cantos do mundo? Inclusive nos países mais pobres, de inúmeras maneiras? Seja pela internet, seja pela tv ou mesmo pelo cinema, a "globalização" tem frutos realmente espetaculares, o exemplo é este: em Moçambique é tão comum se ver filmes piratas que a própria TV do governo os passa.

Por sinal eu tenho uma carterinha em uma locadora de filmes, alguém acha que os filmes são originais?

Mudando de assunto; agora vou passar repelente, ir ao Xenon; um dos 3 cinemas de Maputo, assistir "O dia em que a Terra Parou", comer pipoca fria e ver o intervalo. Sim o cinema daqui tem intervalo no meio do filme!

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

E se eu fosse Negro em Moçambique?

Durante esta semana li em alguns blogs textos com este título, comentando sobre diferenças em Angola de brancos e negros. Já moro em Moçambique a nove meses e sempre falei da hospitalidade moçambicana, mas neste fim de semana de Carnaval, acabei pela primeira vez a sentir na pele o racismo ou a discriminação por causa de minha cor.
Mercado do peixe tem de tudo!

No Sábado fomos ao mercado do peixe, ainda não falei de lá, mas é um de meus lugares favoritos em Maputo. Uma feira de frutos do mar a céu aberto, onde se compra de tudo: peixes, caranguejos, ostras, lulas, lagostas, tudo fresco e muito bom. É preciso escolher nestas barracas o que se quer comer, e seguindo por um corredor na parte de traz, há vários restaurantes que preparam na hora o que foi comprado, enquanto espera-se na sombra pela comida, bebendo e ouvindo um músico local cercado de vendedores tentando "empurrar" um monte de artesanato.

Como freqüento muito este local, uma das garçonetes já me conhece e sempre fica feliz quando chego, pois a conta sempre é alta. Desta vez estava indo para mostrar o "sitio" (lugar) para o MK; um americano
que acaba de chegar. Chegamos e fomos muito bem recebidos, porém uma confusão começou quando a garçonete preparando a mesa para nós, puxou um sombreiro para nos proteger do sol e descobriu um casal de moçambicanos.

Não tivemos tempo de pedir desculpas e a mulher começou a vomitar palavras, xingando a nós de "brancos safados", e a garçonete de "preta". A mulher gritava falando que não aceitava ficar ao sol por causa do dinheiro dos brancos que estava no país dela e mais um monte de palavrões. No meio da confusão resolveu arrancar ela mesma o sombreiro, que grande e desajeitado caiu sobre as mesas, causando mais confusão ainda. Os xingos e berros eram para mim e a garçonete que era moçambicana.

Tentei me desculpar e tentar contornar a situação, mas sem condições quanto mais tentávamos, mais eram os gritos e palavrões. AN que era a garçonete estava quase chorando pedindo descul
pas, quando resolvi ir para o outro lado da feira, para dentro do restaurante e lá falei que queria sim ser atendido por ela, mas não na praça e sim dentro do restaurante.

Parte de traz, uma praça onde todos comem a sombra de uma árvore e sombreiros (guarda-sol)

No final comemos muito bem e fomos muito bem atendidos, mas aquilo ficou na cabeça, éramos os únicos brancos da feira naquela hora. Ficamos fragilizados quando somos segregados por causa da cor. Não sei se os outros que estavam a volta pensavam como ela ou apenas observavam a confusão, me senti realmente acuado afinal éramos os únicos brancos da feira.


Camarão que almoçamos no mercado

Passeando depois pela cidade de Maputo ainda me sentia desconfortável e imaginava:
- Será que as pessoas que me cercam, viram o que aconteceu no mercado do peixe? Será que estão olhando e falando "lá vai aquele branco do mercado do peixe?".

Percebi que não importa o que eu pense ou minhas ações, sou branco e esta informação chega antes de qualquer outra, e ser classificado como "branco safado", é como carregar um aplaca com isso escrito no pescoço. Nossa garçonete A. veio pedir mil desculpas e falou que eles estavam muito bêbados e que ela gostava muito de nós, pois sempre a tratamos muito bem, mas acho que vou dar um tempo no mercado.

E para ajudar no dia seguinte, depois do carnaval no CFM (Caminhos de Ferro de Moçambique), o qual ainda vou escrever, fomos a piscina e novamente presenciamos uma briga, agora de moçambicanas, com direito a porrada, garrafada e tudo mais. Ao serem postas para fora da piscina pelos guardas, uma das moçambicanas gritava:
- Adeus brancos! Não volto neste lugar!
E eu só estava lá por causa da piscina e do sol, não tinha nada a ver com aquilo...

E se eu fosse negro em Moçambique? Será que as coisas seriam diferentes?

Claro que a bebedeira de carnaval é responsável por boa parte desta "euforia", mas isso me fez pensar mais a respeito. Quando vou comprar legumes ou frutas nas barracas, por ser branco sempre pago mais caro, o taxista sempre tenta cobrar a mais e mesmo os pedintes sempre vão pedir aos brancos que andam pelas ruas. É claro que os brancos estão aqui a trabalho e ganham bem, mas há negros que ganham tão bem quanto, e isso não é motivo para esta separação social. Claro que é muito diferente da África do Sul onde há um aparente ódio entre brancos e negros, mas ainda falta muito para se vivermos uma situação igual a do Brasil.

E antes que comecem a discutir se Brasil é racista ou não, acho que há muitas diferenças:

1 - No Brasil se discute esta questão nas escolas, mídia, etc.
2 - Aqui não há mistura, é difícil ver casais brancos e negros juntos
3 - A imagem do colonizador branco é ainda muito forte
4 - Talvez se eu fosse negro não sentisse tanto esta diferença.

Como seria se eu fosse negro no brasil? Será que eu pensaria desta forma?


sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Um presente para Mugabe

Hoje é aniversário do "presidente" do Zimbabwe Robert Mubgabe (21 de Fevereiro de 1924), o quê mandar para ele de presente?

Podemos pensar e tentar selecionar pelo que ele gosta: o Zimbabwe. Mas ele já falou que é dele, por isso não vale a pena dar o que ele já tem, talvez outro país? Acho que não, isso dá muita dor de cabeça.

Casas? Ele tem várias, acabei de saber que ele está terminando uma mansão na China.

Talvez um carro, mas tem que ser um belo carro, aqui gostam muito dos Hummers, quem sabe ele ainda não tenha, duvideodó.

Uma festa? Quem iriamos convidar? A maioria daria uma desculpa esfarrapada e não iria a festa e eu já tenho planos para hoje, além de ser difícil enconatrar garçons para a festa, a maioria parece estar com Cólera, eta desculpa esfarrapada para não se trabalhar.

Talvez algo de ouro... acho que sua mulher já comprou muito.

Bom talvez algo mais simples, já sei, vou dar uma limpadinha na praça de Moçambique que leva seu nome, será uma ação para a comunidade e em homenagem a ele, se bem que constantemente tem acidentes de carros nesta praça, acho que a praça foi mal desenhada.
Praça Robert Mugabe, na baixa da cidade de Maputo

O Último Voo do Flamingo vai ser filmado

Hoje o Jornal Notícias deu uma pequena nota que quase passa desapercebida: "O Último Voo do Flamingo" vai ser adaptado para o cinema. Li este livro quando cheguei em Moçambique, foi meu primeiro contato com as histórias, a forma de pensar e o cotidiano do povo moçambicano.

Um trama policial leve e cheio de construções e formas narrativas bem diferentes. O que dizer de uma magia que faz as anotações do policial desaparecerem ou de uma outra que faze todos os homens na hora do orgasmo explodirem? Ainda sem estragar a história, o melhor personagem é uma mulher que tem o rosto de uma velha e o corpo de uma jovem muito sensual, por isso se passa por duas, ora mostrando o rosto, ora mostrando o corpo.

Para quem não leu vale a pena, o livro é escrito em português, mas frequentemente possui palavras de dialetos e expressões idiomáticas típicas moçambicanas.


Mia Couto (1955) é da Beira, segunda maior cidade depois de Maputo, e segundo meu amigo L.C. todos que nascem na Beira são especiais, acredito que sim, L.C. é um das poucas grandes pessoas que conheci por aqui.

O filme será realizado pela Fado Filmes (que nome hein!) em parceria com o ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual), RTP (Rádio Televisão Portuguesa), VídeoFilmes (do realizador brasileiro Walter Salles) e AMOCINE (Associação Moçambicana de Cineastas).

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

África Global 2

E não é que no mesmo dia em que eu escrevi sobre África Global, o jornal Diário de Moçambique teve esta capa?


Joaquim Chissano é o ex-presidente, ex-Ministro do Negócios Estrangeiros, político influente e grande orador. Por essa capa de notícia, podemos ter uma idéia de como é a linha política e a formação em Moçambique. Detalhe: Sim o designer cortou fora a mão do ex-presidente, acreditam?

África Global


"Música hindu contrabandiada por ciganos poloneses faz sucesso,
no interior da Bolívia zebras africanas
e cangurus australianos no zoológico de Londres.
Múmias egípcias e artefactos incas no museu de Nova York"
Titãs

E não é que estou vivendo uma música dos Titãs!

Pois é, até uma simples compra pode se tornar algo "globalizado" isto por que todos os produtos são importados, e nada melhor que importar do nossos vizinhos Índia, China ou amigos Árabes.

Nestas horas tenho muitas saudades do Brasil, informações como validade, procedência, calorias e tudo mais nunca estão claras, na verdade em boa parte não estão nem escritas e quando há, estão em indiano, árabe, chines, inglês e raras exceções vindas do Brasil em português.

Por aqui o Brasil domina o mercado de Frangos, Sadia e Perdigão (Perdix) controlam o mercado de tal maneira que praticamente não há frango moçambicano congelado, apenas para o abate "ao vivo". Rezo para que os frangos congelados tenham sido bem manuseados durante todo o percurso, até chegar em minhas mãos.

A parte boa é que nunca vi tantos temperos em toda a minha vida, agora com a novela Caminhos das Índias, posso me gabar de poder comer em restaurantes realmente indianos e poder ter em casa todos os temperos!
E isso não fica apenas nos alimentos, tenho um aparelho de dvd indiano, que quando ligado fica todo em azul fluorescente, tenho que colocar um pano por cima para poder assistir aos dvds; e os indianos adoram!

Reclamar, ou tirar alguma dúvida sobre um produto é algo impossível, eu pergunto em português, o funcionário fala shangana, o produto está em chinês e o dono do supermercado é Indiano!

Lembra da música dos Titâs Disneylândia...

Design brasileiro trabalha para chineses em escritório em Moçambique
Adora comer Caranguejos africanos em restaurantes Tailandeses
Tem aulas de inglês com professor zimbabweano
Aluga o quarto da casa para um Americano que já foi para a Disneylândia

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Receita - Xima

Agora para a alegria de alguns e tristeza de outros, toda semana tentarei postar uma receita Moçambicana, espero não levar ninguém para o hospital por isso.

Muitos me perguntam o que é a famosa Xima, uma típica comida africana, que muda de nome de região para região, segundo um colega médico, a xima disfarça a imagem desnutrida das pessoas, uma vez que ela não tem nutrientes, mas é rica em carboidrato. É comum se ver nos hospitais pessoas completamente desnutridas, porém gordas, gordas de xima...

Xima de Arroz
500 gr de farinha de arroz ou farinha de trigo
250 gr de coco ralado (ás vezes troca-se coco ralado por óleo de cozinha e ás vezes não vai nada)
Água e sal

Faz-se o leite de coco e leva-se ao lume a ferver. Deita-se a farinha de arroz em chuva, mexendo sempre com a colher de pau para não formar grumos (aquelas bolhinhas, empastar). Tempera-se com sal e espera até ficar consistente, ponto de um purê. Coloca-se em travessa, acompanha muito bem matapa e camarão frito.

É comum para os moçambicanos só comer xima e no almoço e jantar, eles variam com um pão. Em panelas grandes vemos eles almoçando pelas pelas ruas de Maputo, certo dia pedi para que a B. nossa empregada fizesse uma xima para nós, após muita relutância de sua parte ela fez.

A consistência é de um purê, um purê branco, mas o gosto é de uma massa de pão crua. O fato é que comi apenas duas colheres e fiquei sem fome o dia inteiro, o gosto é de pão cru temperado.

A noite fui ver a xima na geleira, a pasta estava dura feito pedra, acho que se colocasse umas pedrinhas e areia aquilo daria um ótimo cimento para a construção.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Marcos, um funcionário escolar

Acho interessante contar um pouco das pessoas que nos cercam, talvez a melhor maneira de conhecermos um lugar seja pelas pessoas que lá vivem.

Marcos, é o senhor que trabalha na escola A Luta Continua, que fica em frente ao meu trabalho, a um quarteirão de onde moro. Ele é uma espécie de segurança, caseiro e coordenador de corredor da escola, sabe aquela pessoa que fica chamando os alunos,
separando brigas, abrindo e fechando o portão?

Sorridente, Marcos é menor do que eu, deve pesar uns 48kg sempre está com uma vassoura na mão ou uma outra coisa para varrer as folhas que caem das árvores. Sempre vou cumprimentá-lo, para ele é uma honra, percebo isso, pois sempre que atravesso a rua para cumprimentá-lo sua magra figura sempre se infla de forma feliz.

Me cumprimenta sempre em shangana (dixili - bom dia) e depois em português, como eu me esforço para responder em shangana, ele fica todo feliz e já despeja um monte de palavra que não faço a menor idéia do que significa.
Um sábado ele nos convidou para visitar sua escola, foi muito bom passear em uma escola pública Moçambique.

A escola primária é um edifício de dois andares, muito ampla, cercada por um grande espaço de terra batida e um campo de futebol, as paredes são muito gastas e velhas, a pintura já descasca e se vê os tijolos, a terra seca e vermelha teima em entrar nas salas, assim como um passarinho que nos acompanhava, entrando e saindo das salas.

As mesas
dos alunos são duplas, mais compridas e as crianças se sentam duas em duas, o "quadro negro" é apenas uma parede pintada de preto. Muito feliz ele vai abrindo sala por sala, mostrando onde ele trabalha, fala com orgulho que cuida de tudo, e mantém tudo muito limpinho.

Acabei perguntando algumas coisas e descobri outras, Marcos não é de Maputo, vive aqui para o trabalho, que é cuidar da escola, por isso ele recebe uma ajuda, não sei quanto, mas com certeza é muito pouco, mora na parte de traz da escola, sempre está com a mesma roupa preta, de luto pela morte da mulher. Aqui eles ficam de luto durante muito tempo, eu o conheço a 8 meses, a pelo menos 8 meses ele está de luto. Em um canto da escola ele faz sua machamba, um área de terra onde ele planta e colhe o que dá, certo dia eu paguei para ele um sanduíche do “saquina”, um carrinho de cachorro quente em frente a escola, que vende carne de vaca “morta com os preceitos muçulmanos”, ovo frito, maionese quente, alface e muito tomate souce (ketchup).
Vista da cidade de Maputo com a escola "A Luta Continua"

Muito feliz ele agradeceu: "Patrão é primeira vez que não estou sentir fome, não dói, assim vou ficar forte!"


Agora as chuvas voltaram para Maputo, é a época de chuvas, verdadeiras tempestades, o bom é que a machamba está completamente verde, Marcos deve estar comendo melhor.


Agora ele usa uma camisa velha amarela por baixo da camisa preta, acho que o luto acabou, mas ele não tem outra roupa.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Mia Couto


Meu primeiro contato com o autor Mia Couto, ocorreu em meados de Abril do ano passado. Quando Gabriel havia decidido que iria "apostar" em terras africanas, contei a mãe de uma amiga a novidade, e ela sem pestanejar comemorou e me indicou as obras do "tal" escritor Moçambicano. Em seguida, comprei o título: " O último voo do Flamingo" e dei de presente a ele.

Após alguns meses, foi minha vez de aterrisar em Maputo, com duas malas recheadas de roupas, objetos inúteis e muitos sonhos. O livro foi uma boa referência para tudo que me reservava.

Semana passada vivi uma boa experiência em terras africanas.
Dia 03 de Fevereiro, foi feriado e comemorou-se o Dia dos Heróis Moçambicanos. Nessa data em 1969, foi assassinado Eduardo Mondlane, um dos principais atores na independência de Moçambique (1˚ Presidente da FRELIMO), vitimado pela explosão de uma encomenda.

Para comemorar essa data, os Moçambicanos se dirigem a uma cidade +- 30km da capital, preparam uma bebida chamada Cahum, que segundo a tradição deve ser distribuída gratuitamente, e para acompanhar caçam um hipopótamo a margem do rio e fazem um belo "churrasco" alimentando a população que participa da comemoração.

Faz 5 meses que estou morando aqui. Descobrir e viver esse país é uma tarefa diária. Para os amantes de uma boa leitura e para aqueles interessados no continente africano, sugiro que leiam esse autor.
Na narrativa de Mia Couto é possível viajar e conhecer um pouco de Moçambique. É a história em primeira pessoa.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Dias difíceis

Acho que algo mudou nas estrelas, ou foi algum feitiço pronto daqui, mas as coisas não estão indo lá estas coisas...

Esta última semana foi um bocado tensa, começou com stress de trabalho o que sempre acontece, mas tem sempre aquele dia que vc não suporta nada, depois a Bernadette, minha empregada que adoro, mas falo pouco, apareceu com um "papo" que estava grávida e que iria abortar, sabíamos que ela tomava pírula, mas para economizar ela tomava dia sim dia não.

No dia seguinte Dillan (prof. de inglês) aparece no meu trabalho contando suas desgraças. Fora assaltado por policiais Moçambicanos; como ele não tem a documentação para ficar em Moçambique os guardas pararam ele e pediram dinheiro para não levarem ele preso, resultado, levaram o salário todo que eu havia pago naquela noite, na mesma noite ele descobriu que sua namorada estava grávido de outro, e para ajudar minha mãe teve um acidente em casa, a casa pegou fogo.

Bom ontem fui assistir ao jogo do Brasil, pelo menos ganhamos da Itália 2x0 e hoje o Blog resolveu finalmente aceitar minhas postagens, espero que a maré mude...

Agora escrevendo nem dá para acreditar, quanta coisa ruim! Alguém vai a igreja do Bomfim para mim?

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Um mês sem postas!

Desculpe a falta de noticias, mas tivemos alguns problemas técnicos e acabamos ficando sem comunicação com o blog durante quase um mês, mas prometo que a partir de hoje voltaremos com corda toda!

Um forte abraço a todos

Gabriel e Thá

sábado, fevereiro 07, 2009

Arte contemporãnea Africana

Antes tarde do que nunca! No dia 5 deste mês foi aberta a primeira galeria de arte africana em sampa, tá certo que a arte africana estava muito bem representada pelo Museu Afro, de nosso amigo Emanuel Araújo, mas há uma grande diferença entre um museu e uma galeria de arte.

O melhor de tudo o projeto está situado no centro de São Paulo, acompanhando o projeto de revitalização do centro, a galeria é situada no edifício Seguradoras, Av. São João, para os arquitetos de plantão um prédio assinado por Oscar Niemeyer, e o projeto de residencia está localizados no Hotel Central (1916), e Ramos de Azevedo, nada mal para o início das atividades?

O projeto não para por ai, a pretenção é que o Hotel torne-se um grande centro de exposições, com instalações fixas e que participe da próxima Trienal de Arte de Luanda (Angola).

Esta primeira exposição contra com os artistas Cláudio Veiga, Ihosvanny, Kiluanji, e Yonamine.

Para ver trabalhos e ter maiores informações vale a pena visitar estes sites:

http://sachisachisachi.wordpress.com/
Folha de São Paulo nota 01
Galeria 30%

de 6 de fevereiro a 21 de março,
de segunda a sexta, das 11h às 19h;
sábado, das 11h às 16h30. SOSO: Av. São João, 313, 2º andar, tel.: (11) 3222-3973. Grátis.