sexta-feira, novembro 28, 2008

Meu primeiro Thanksgiving

Maputo é a captal econômica e financeira de Moçambique, seria como termos São Paulo e Brasília em uma mesma cidade, tá certo apenas um bairro de cada, bom, um bairro pequeno de cada. Bom o caso é que durante este tempo, sete meses, passei por várias festas comemorativas, estar longe de nosso país natal faz querermos ressaltar nossa identidade, não é a toa que participei de uma mega festa junina organizada por brasileiros aqui, a muitos anos que fugia deste tipo de festa, mas aqui tudo vale a pena para matar a saudades de casa.
http://picasaweb.google.com/producaogt/FestaJunina#
teve também o halloween, fantasiado de "Harry Poter Dead" http://picasaweb.google.com/producaogt/FestaDasBruxas# agora foi a vez do meu primeiro Thanksgiving!
Organizado por duas colegas americanas, Tricia e Clair, ouvi a história do por que desta data comemorativa e principalmente comi, comi muito!
Estes encontros são sempre imprevisíveis! Ontem conheci uma Equatoriana, a Thais fechou com mais um aluno, um Americano que vai começar a estudar português em casa, e conheci também Dile.
Dile é moçambicano, tem 20 anos, muito bem aparentado e toca vilolão! Acabou de ganhar uma bolsa do governo de Moçambique para estudar música nos Estados Unidos, se não me engano em Boston, conversamos muito sobre ser estudante, e como é estudar música em Moçambique. Atualmente ele faz 3 ano na faculdade Eduardo Mondlane, uma universidade Federal de Moçambique, um curso novo de 3 anos, ele é da primeiro turma da faculdade, conta que falta muito no curso, professores, matérias, estrutura, mas que a faculdade e seus professores são esforçados em ter, algum dia um bom curso de música no país.
Dile, nos dava música e nós dávamos conselhos, afinal ele nunca esteve fora do país, não imagina o que seja uma grade cidade, e logo de primeira viagem ira direto para New York, muitos comentam de outros músicos moçambicanos que foram e fizeram de tudo eceto estudar.
Com certeza vou escrever mais sobre ele, pois já esta marcado para dia 12 de dezembro um concerto no Gil Vicvente (um bar) de despedida, dia 15 ele embarca para sua nova vida!
Este thanksgiving e os próximos dias estão com cara de despedida, meu rommater Victor está de despedia, dia 3 ele parte par ao brasil e depois de volta aos estudos nos EUA. Eu e Thais estamos tristes com esta despedia, Victor viveu comigo 6 meses, veio substituiu David Morton, outro que deixo muitas saudades, mas que voltará em julho, espero que sim!.
Aqui temos que aprende a fazer e despedindo dos amigos, de todos que estavam no Thanksgiving apenas eu, Thais, e dois moçambicanos iremos estar aqui durante o fim do ano, todos os outros iram viajar, e sós metade irá voltar ano que vem.
Apesar de tudo isso, feliz Thanksgiving!

quarta-feira, novembro 26, 2008

Dillen, meu professor Zimbabuano

Moçambique como alguns dos Países Africanos adotou um idioma unificador: o português e pelo seu território se fala mais de 20 dialetos derivados da língua Bantu: XiTsonga, XiChope, BiTonga,XiSena, XiShona, ciNyungwe, eChuwabo, eMacua, eKoti, eLomwe, ciNyanja, ciYao, XiMaconde e kiMwani, entre outros.Como estou localizado em Maputo, capital localizada ao sul do país, convivo principalmente como idioma Changana, porém para completar esta "babel", temos o terrítório cercado por países de língua Inglesa, amplamente utilizado pelas empresas e ongs em território moçambicano, isso sem falar da vasta influência Indiana, com seus mais de 50 idiomas regionais.

Tudo isso para concluir que falar mais de um idioma, é comum em Moçambique e na África, tão comum que este ano me concentrei em estudar inglês; o inglês africano digasse de passagem, pois o sotaque é extremamente forte. Ano que vem começo a estudar algum dialeto regional, changana ou Shona. Foi procurando um professor que conheci Dillen, um professor Zimbabuano, com mestrado em língua inglesa que deixou o Zimbábue, e há um ano vive em Maputo.

Dillen é meu professor de inglês, meu e da Thaís, temos encontros 2 vezes por semana, ele segue um livro de estudos da Oxford que nunca viu no original, apenas uma fotocópia que carrega, nem mesmo a cor dacapa ele sabe dizer.

Como tudo aqui, o valor das aulas foi negociada. Durante o primeiro encontro, a negociação sempre é complexa, e para dizer a verdade sempre me confundo com tudo que eles falam e sinto que acabo pagando mais, mas claro que o mais é muito menos... menos para mim e mais para eles...

As primeira aulas foram muito comportadas e demorou para conseguirmos conversar livremente, mas já adianto que agora as aulas são cheias de risadas muito divertidas. Com o passar do tempo as aulas deixaram de ser apenas sobre inglês e passaram a ser sobre a vida em Maputo, Zimbábwe e cultura africana. Logo ao fim da primeira aula achei correto pagar adiantado as aulas do mês, que seriam ao total 4.

Ao receber o valor referente ao mês inteiro, o rosto de Dillen se iluminou, ele não esperava que eu fosse dar todo aquele dinheiro já no primeiro dia de aula (USD 30)! Muito feliz ele começou a me explicar, tudo em inglês pois ele quase não fala português, que com este dinheiro ele iria começar a comer todos os dias. Foi aí que percebi que as aulas que ele estava me dando eram uma grande mudança de rumo em sua vida.

Dillen é filho de uma grande família, tem traços característicos africanos, é muito magro, diferente do brasil é negro bem escuro, com os dentes bem brancos, tem toda sua família no Zimbabwe e contas inúmeras histórias sobre seu país natal. Sorrindo conta que Moçambique
é muito atrasado, que apesar de toda a guerra de seu país, as cidades ainda são grandes e Iluminadas. A imagem que ele tem é de que o Zimbabwe é uma grande nação, a maior da África e sempre cita que seu país foi muito mais rico do que África do Sul e que foi uma colônia tão rica quanto qualquer cidade inglesa da época, mas desde o fim da colonização a Rodésia, antigo nome do Zimbabwe, houve tantas guerras que pouco sobrou do País.

Apesar de saber que Dillen recebe pelas minhas aulas e de outros alunos, ele não vive bem, ou vive com a maioria dos moçambicanos, em um quarto alugado, atrás de um bar, numa região de malária, não tem eletricidade, e se locomove a pé para economizar o dinheiro do chapa, 5 meticais (20 cents de dolar) com este dinheiro ele consegue comer dois pães.

Ontem tivemos mais uma aula, desta vez levamos um texto para lermos junto com ele, tratava-se do "The Destroyer - Robert Mugabe and the destruction of Zimbabwe" escrito por Jon Lee Anderson para o The New Worker (http://www.newyorker.com/reporting/2008/10/27/081027fa_fact_anderson) um texto muito recomendado sobre a situação atual no Zimbabwe e uma profunda análise de Robert Gabriel Mugabe.

Como era um texto que falava muito contra o governo, tive a delicadeza de perguntar o que Dellen pensava sobre o governo do seu país e após ter certeza que ele não ficaria aborrecido com o texto, propus esta leitura. Como era de se esperar não conseguimos terminar o texto, que é extremamente longo, isso por que eu tropeçava em palavras novas a cada frase e também perguntava sobre tudo a Dellen.

Foi uma boa aula sobre o seu país, Dellen nos contou sobre o sistema de eleições, contou sobre o segundo turno das eleições presidenciais, quando Mugabe poderia perder as eleições para Tsvangirai, seu rival político. Falou sobre a riqueza de Mugabe, o sétimo homem mais rico do mundo, - isto não aparece em nenhuma lista pois boa parte de seus bens, assim como os de Bin Laden estão bloqueados pelo governo Americano -, sobre como era viver no Zimbabwe e atualmente como é viver em um país onde a economia não existe mais, notas de 10 milhões de dólares são impressas para durarem semanas. Realmente aprendemos muito neste dia.

Dellen fala Inglês, Shona, está aprendendo português, é graduado e possui mestrado reconhecido pelas universidades Inglesas. Assim como boa parte dos zimbábweanos, mora fora do seu país, a espera de tempos melhores para regressar, sonha em fazer um doutorado nos EUA.Ontem, ao final de mais uma aula, Dellen sem jeito perguntou se eu poderia adiantar algum dinheiro para ele, pois o mês estava acabando e estava ficando difícil...


http://taputovaiparamaputo.blogspot.com/

segunda-feira, novembro 24, 2008

E se Obama fosse africano?



Por Mia Couto

Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.

Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.

Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.

Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: " E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.

E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?

1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.

2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.

3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.

4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).

5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.

6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.

Inconclusivas conclusões

Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.

Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.

A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.

Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.

No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.

Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Ruanda, não acabou

Para aqueles que ficaram impressionados com o filme Hotel Ruanda, Shooting dogs, e outros documentários da National Geografic, é quase certo que teremos a continuação desta saga!

Desde Outubro deste ano que 5 a 6 mil soldados leais ao General Laurent Nkunda (41 anos, Angolano, Tutsi) se organizou, tornou se um rebelde e marchou pelo leste do País, tomando várias cidades e atualmente esta as portas da cidade de Goma.
Sua revindicação deveria ser a mesma de todo o mundo em 1994: o julgamento dos responsáveis pelo extermínio dos Tutsi pelos Hutus no território de Ruanda (País vizinho). Agora isto esta ocorrendo em território angolano, devido a boa parte dos responsáveis pelo extermínio estarem a viver livremente neste país.
Não é de hoje que fugitivos se escondem em países vizinhos, o Brasil tem vários exemplos disso, mas na África, o mesmo povo se encontra em países diferentes, é o caso dos Tutsi em Ruanda e no Congo.
Agora o filme pode ser até um ganhador de oscar, o cenário é novo, o investimento parece maior: um rebelde a lá Che (Laurent Nkunda), lutando pelo seu povo, entre Congo e Ruanda, a ONU, aparece com o maior exército de sua história: 17 mil soldados com previsão de chegar a 20 mil no território do Congo, sobre a direção de Antonio José Canhandula, um Moçambicano, e já se fala em tropas de Angola sendo enviadas para apoiarem o governo do Congo contra o avanço de Laurent Nkunda. O filme tem um ar de "007 made in África", com pitadas de Diamante de Sangue e Senhor das Armas, pois continuamos com escassez de soldados e os exércitos de crianças continuam, além de personagens ricos, de países distintos e claro podemos ter cenas dramáticas de gorilas em extinção sendo mortos, e uma reflexão sobre quem é o animal irracional!
Pelo que tudo indica o impasse vai continuar, não há movimento do governo do Congo no intuito de pacificar a questão, Nkunda, esta com a cidade de Goma já sitiada e diz ter força para caçar o presidente do outro lado do País, num golpe de estado, as Nações Unidas talvez repitam a mesma cena: de deixar os africanos resolverem seus problemas, afinal, a crise mundial da mais manchete e uma chacina a mais ou a menos não causa um "efeito borboleta" em praticamente lugar algum!

fotos do The Guardian:
http://www.guardian.co.uk/world/gallery/2008/may/16/congo?picture=334171006

segunda-feira, novembro 17, 2008

encontro na rua

Muito mais do que estudar sobre um povo, o melhor é conviver com ele, coloco conviver pois sempre haverá uma diferença cultural.

Li um livro do Mia couto quando cheguei aqui, antes disso não havia lido nada, li também umas poesias de outro poeta chamado Craverinha, mas pessoalmente detestei o cara...

Abaixo segue um poema dele...

Pois é, eu tenho uma formação de artista plástico, mas tire deste tempero o ego e coloque um bom tempero de história e sociologia e deixe o bolo crescer!

Por causa disso sempre tive minhas criticas ao meio publicitário, ao marketing e ao mercado capitalista em geral...

mas aqui...

a principio fique muito mal impressionado com propaganda de Montblanc, Guti, Djor, entre outras que existem por aqui... mas com o passar do tempo, vejo, e vale a pena fazer alguma pesquisa a este respeito, que Moçambique (não vou falar dos outros países) tudo é extremamente falso, e equivocado.
A melhor comparação talvez seja com uma criança, com seus 10 anos de idade, copiando a seus semelhantes mas sem ter a compreensão das atitudes.
Uma propagada de marca, ou mesmo uma loja da Nike, está não só fora da realidade daqui como esta fora da própria realidade da própria Nike.

Talvez isso possa ser diferente em Angola, onde a circulação de dinheiro, até onde sei é muito maior, mas também sem proporção, uma total perda de referência de valores. (um presente é 500 dólares...)

Hoje fui parado por uma pessoa na rua, coisa que não ocorre por aqui, não neste contexto. Dário, um Moçambicano de Niassa, pediu licença e pediu minha ajuda, que eu fosse ter com o director da escola e intervir para ajuda-lo, ele precisava do documento que comprovasse que ele tinha escolaridade básica, para se candidatar a um emprego... o caso era que a escola estava a cobrar 80 meticais pelo documento, e ele não tinha. Após ouvir sua história, separei uma nota de 100 Meticais (4 dólares, 8 reais) e dei a ele. Dário, não se conteve, me abraçou e começou a chorar compulsivamente, estavamos a frente da escola, escola A Luta Continua, no bairro da Polana, conversei mais um pouco com ele, homem simples, e como muitos leva uma vida desesperada, lutando pela comida do dia... e é frequente os dias que se perde. 100 Meticais era o documento, a comida e o transporte de um dia e um pouco mais, para mim praticamente nada valia.

A história dele me valia muito mais do que o que lhe dei.

Este é o exemplo do que se vive aqui, e esta história é bonita, não vou pensar no dia de amanha dele, pois com certeza sera uma história de perda...

Aqui faço a propaganda, vendo o carro, mas quem paga a propaganda, quem ve a revista, quem compra o produto, são 10 grãos de arroz dentro de uma saca de tonelada... e estes dez querem brincar de de serem civilizados, talvez não estejam cansados de ver esta realidade, talvez simplesmente ignorem todo o resto...

Não fico mais horrorizado com estes contrates, pois sei que aqi todos são miseráveis, e muito, muito poucos não são.
De minha parte, cuido daqueles que me cercam, Bernardette, minha empregada, trato com todo o carinho possível, Dalen meu professor Zimbabueano de ingles, adoro suas histórias!
E todos aqueles que posso de alguma maneira ajudar, os ajudo, é minha maneira de ter menos peso na consciência, é mais barato que terapia, mas tenho certeza que não se é mais o mesmo depois disso.

vamos nos falar mais depois, ai te conto outras histórias, sobre os estrangeiros, Dalen, Bernadette, e um pouco sobre a Chama, a revista da primeira dama de Moçambique, meu trabalho.

boa terça!

Gabriel

Cães

Avô, os cães mordem?
Alguns, minha neta.

Quais alguns, avô?
Os cachorros desagradecidos
A quem estendemos a mão.

E os outros cães, avô?
Os outros, querida neta, os outros
Ou agradecem abanando a cauda
Ou nos lambem os dedos.

À minha neta Eurídice
To my niece Eurídice 1997

domingo, novembro 02, 2008

Seis mese em Maputo

Hoje completo 6 meses de Vida nova!

Pois é primeiro de maio de 2008, as 18h do horário de Brasília, lá estava eu com uma mala de 36K... isso é que é desprendimento material, toda a minha vida se resumia a 36 k... 
Estava embarcando em direção a Maputo, deixando para traz família, amigos, trabalho e minha mulher (esta iria depois atrás de mim!)

Mas para agilizar a história, a loucura deu certo, estou completando 6 meses, entrando na segunda fase de viver na África (já explico isso) e acho que seria uma boa hora para fazer um balanço...

Actualmente estou morando em um apartamento T3, de vista para o mar! 5 vezes o tamanho do meu em SP!... bom o mar esta lá no horizonte... não é tão perto assim.... acordo as 7 horas, suado, ainda não sei explicar o clima daqui... o dia sempre é muito ensolarado... muita luz... sim uso protetor solar (Pedro Bial), mas a noite a  temperatura cai e temos que dormir de cobertor... saio as 8h e chego no me trabalho as 8:02 hehehehe moro na esquina do meu trabalho! Reflexos do trânsito de São Paulo, minha terapia esta sendo acabar com tudo que me irritava em Sampa!

O trabalho é algo muito distante do que chamamos de trabalho no Brasil, mas para explicar isso eu vou escrever um outro texto, em fim, 12h30 vou almoçar em casa! sim almoço em casa, 1h30 em casa, estou com uma empregada, a Bernardette, como ela mesmo disse, lavo passo, engomo, cozinho, limpo a casa e levo comida "pro patrão"! Aqui todas as empregadas chamam seus chefes de patrão e patroa!

Na hora do almoço encontro com meus roomates: Lucas Um jornalista que mora em Maputo a 2 anos e meio, trabalha com matérias sobre sida e é super conhecido por aqui! e Victor Chateaubriand, que chegou depois, estuda nos EUA, e está aqui fazendo um semestre na faculdade daqui... este cara ainda vai ser o Presidente da ONU (sim ele é da família Chateaubriand!) e a Tha, estamos juntos e vivendo isso juntos! o que deixa tudo mais fácil!
A tarde volto para o trabalho, e saio as 5:30, ates estava fazendo academia, mas já faz 1 mês que não faço... mas pretendo voltar... esta semana eu volto! A academia aqui é ginásio, e catinga é forte.. por sinal isso é forte em qualquer lugar! aja perfume!

Estou tentando sair menos, mas praticamente todos os dias temos convite para irmos em algum restaurante, já fomos em todos de Maputo, não me arrependo, só não achei um de comida japonesa, o que tem aqui é ruim e não é rodizio, isso só em Sampa... bom muita coisa é só em Sampa!

As terças e quintas tenho aulas de Ingles, em casa, com um Zimbabweano, ele mora aqui em Maputo e dá aulas de inglês, bom me ajuda a estudar... mas é muito divertido! O Sotaque é muito forte, se fala tri, sori e outras coisinhas que se eu falar vão me achar louco...

Vou uma vez por semana no cinema Xenon, assistir ao filme da semana, sim um por semana. É preciso sentar mais a frente do cinema pois o cinema na verdade é para os pré adolescentes encontrarem com seus namoradinhos... todo mundo fala e faz barulho... e para piorar Tem intervalo no meio do filme...

Agora já estou entrando na fase dois de morar aqui... a fase um é tudo novidade, tudo é divertudo, a lerdeza das pessoas, a dificuldade de se comunicar, o péssimo atendimento, e a total falta de organização em todos e tudo, como se pode perceber na segunda fase tudo isso passa a ser insuportável! Bom quase insuportável, é difícil de explicar, mas praticamente viajar para cá e voltar no tempo... Brasil na década de 50... não vivi este período, mas creio ser algo similar... não se reclama pois as pessoas não tem e nem pensam em direitos, o mau trato entre as pessoas é comum, não fazer é o estranho, o gover é democrático, mas autoritário, e não tem a compreenção que trabalha para o povo, e não o contrário. O racismo é parte de nossas vidas, de brancos com pretos, de pretos para os brancos de brancos e pretos para os indianos, de pretos com pretos, de brancos com brancos... Babel é aqui! mas tudo com o sr. na frente... isto é, tudo velado e de forma polida...

Ainda não sei o que vai ser da minha vida, viver aqui está sendo um aprendizado diário... em todos os aspectos...acho que envelheci uns 10 anos nestes 6 meses.
Saudades das pessoas que deixei no Brasil e de meu cotidiano, ao mesmo tempo agora vejo como Sampa é uma cidade gigante e louca, uma jovem enlouquecedora! não sei mais se sei viver la... ou ai...

bjs a todos! 

Quarto em Maputo, Moçambique

Para quem vai visitar, ou simplesmente precisa vir a Maputo!

Moro em um T3 (apartamento de 3 quartos) grande, no cruzamento da av. Mao Tse Tung com Thomaz Nduda, é uma região central, próximo a tudo!

Estou alugando 2 quartos: um para duas pessoas e outro para uma pessoa, já com roupa de cama. A casa tem internet, Tv a Cabo, empregada e tudo mais.

ai vai umas fotos:

De fotos da casa
De fotos da casa

De fotos da casa
Temos lugar despoível a partir de janeiro de 2009
Interessado entrar em contato por e-mail - producaogt@gmail.com